terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Um filosofia na Síndrome de Asperger - a natureza humana apresenta uma outra forma de existir na vida

Uma descoberta que vale uma pesquisa mais aprofundada é sobre a Síndrome de Asperger, que causa deficit de atenção, déficit de interação e comunicação, tanto a verbal como a não verbal.

Trago a filosofia do cotidiano, a ser descoberta fenomenologiamente no ato de viver.  Meu filho tem síndrome de Asperger e no dia a dia até a data, na interação social, comunicação e atenção vive uma realidade muito particular, no silêncio de sua forma de viver.

Neste fim de ano, no entanto, ganhou um celular de plataforma Android e um Tablet e através destas interfaces que conectam-se às mídias sociais, vem demonstrando que estes recursos imprimem um ganho de interação, comunicação e atenção,  uma extensão nova, uma nova capacidade, cujos efeitos merecem ser pesquisados e entendidos.

Fico por aqui, por enquanto....

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Rosiska Darcy de Oliveira - O novo atrapalha a Teoria

Rosiska Darcy de Oliveira é um nome importante em uma Filosofia do pensamento, para fecharmos o ano de 2013. Darcy de Oliveira foi casado com ela.
Gosto de ter acesso aos seus escritos e filosofar com os seus pensamentos:
 É difícil entender o novo. O novo atrapalha a teoria, diz Rosiska.
Realmente a pós-modernidade não comporta Teorias, só conceitos podem ser debatidos buscando se costurar alguma visão do cotidiano. Alan Touraine fala no fim do social e o surgimento de uma nova forma de conviver mais comunitária.
Rosiska arrisca um esboço do futuro, quando mostra o jogo perdido dos partidos que se conectam à tomada do poder, enquanto a palavra emblemática hoje, remete a um exercício democrático em que o poder é relacional e se distribui em múltiplas redes de participação.
Ela fala de uma cidadania em um Estado virtual sem fronteiras, que se estende nas veias telemáticas da Internet, demarcando o facebook como um “aparelho” ubíquo, que está em todos os lugares ao mesmo tempo.
A rede traz uma cultura global contemporânea e as Teorias são tecidas todos os dias porque na Rede não há uma cepa predadora. O que se aprendeu hoje, amanhã ganha novos contornos, porque novos atores entram em cena, numa teleologia cuja finalidade é questionada todos os dias. Não há limites ao pensamento, talvez por este motivo possa-se trazer Marx: Tudo que é sólido se desmancha no ar.

Talvez possa-se trazer Nietzche  que afirma a morte de D’us,  Mas em Rosiska a comparação com Nietzche não se dá por uma questão de negação da espiritualidade, nem como crítica à falsa sociabilidade.  Há aqui uma questão de lógica do pensamento, que,   na pós-modernidade deixa de ser dogmático e aceita novas explicações para a vida, para a política, para o amor. Esta abertura do pensamento permite expressar-se em novas nuances, num amplo espectro de cores, através das Redes Sociais.

A Democracia está sendo questionada e a Fenomenologia provavelmente é a metodologia mais adequada para acompanhar o novo que desconstrói as Teorias montadas e remontadas pelos políticos e partidos que não percebem a ubiquidade da Internet e tentam compreender o novo com  suas ferramentas de pensamento, antigas. 

Eles querem seguir sem serem  incomodados, mas só há um detalhe: "o Novo atrapalha a Teoria".  

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A sociedade está no indivíduo e o indivíduo está na sociedade - Mas esta relação funciona?

A relação sociedade-indivíduo significa que os valores que estão vigentes formam a mente do ser humano e, dentro desta premissa, todo o seu raciocínio recebe influências dos valores, das crenças que conformam a sociedade. Ou seja a mentalidade do indivíduo é social,  assim não é o sujeito que é escravista mas a sociedade que o educou.

Dentro deste pensamento no entanto, cabe uma reflexão, pois o indivíduo também forja a sociedade em que vive. Um exemplo desta relação podemos ver a partir do momento em que a sociedade, por questões econômicas deixou de ser escravista. Não foi uma opção moral, nem ética dos grandes empresários. É certo que havia um clamor no mundo sobre a igualdade, fraternidade e liberdade, mas foram os novos paradigmas econômicos que empurraram a sociedade para as novas fronteiras de "liberdade" (?!).

Como não foi uma reforma mental ética, podemos afirmar que hoje a sociedade deixou de ser escravista, mas uma grande maioria de indivíduos continua submetendo muitas pessoas aos seus preconceitos, sujeitando pessoas, escravizando de outras formas, pelo salário, pelo apadrinhamento de amigos, em detrimento da competência, explorando a seu bel prazer a condição humana, a partir de todas as formas de preconceitos, identidades, diferenças e sujeição..

O indivíduo pode mudar a sociedade em que vive, mas é preciso que se continue a lutar por uma reforma mental, a partir de uma ética que se incorpore em todas as estruturas sociais e mentais. Mas isto leva tempo, no entanto dar o primeiro passo é mais da metade do caminho.

Dentro desse contexto, fico com a frase do poeta:  Viver em sociedade sem desenvolver senso de humor, é ruim, mas é pior viver numa sociedade em que se tenha de ter senso de humor para viver.

sábado, 30 de novembro de 2013

A Sociedade individualizada em Bauman e o fim do social em Alain Touraine

Zygmunt Bauman e Alain Touraine vêm estudando as implicações dos novos paradigmas da Pós-modernidade na formação social. Bauman fala da sociedade individualizada e Touraine fala do fim do social e da gênese de uma sociedade cultural.

Trazendo para o plano prático, a Pós-modernidade está aqui e agora espalhada por todos os lados e um dos exemplos  que facilita visualizar o que os autores vêem falando, são os aplicativos para chamar táxi pelo celular.

Na Modernidade era importante a formação de cooperativas de táxi que capacitavam os sócios para criar um coletivo que  partilhasse das mesmas idéias. A cooperativa formava um conjunto social, no qual a ênfase era na formação do taxista na solidariedade, cooperação, aprendizagem conjunta e ética do bem comum, que destaca o outro na nossa vida.

Na Pós-modernidade, hoje, os aplicativos de celular evidenciam não uma cooperativa de táxi, mas uma Rede, onde o participante não forma um conjunto social com os seus vizinhos. Cada taxista tem que ter uma documentação completa, uma formação adequada e sua avaliação é feita individualmente pelos clientes. É o fim do social realmente e o surgimento da Rede, que é um fenômeno cultural, formando uma sociedade de indivíduos, que em Rede não têm participação na vida uns dos outros.

A luta é individual e na Pó-modernidade exige-se uma formação cada vez mais individualizada, mais complexa, em nível cultural, evidenciando uma sociedade onde a tecnologia em Rede junta o que está separado.  Dá-se o surgimento de uma Ética  individual, sobre a qual não se tem ainda vivência sobre o tema e muito menos uma Epistemologia que nos permita  elaborar uma Teoria do Conhecimento.

domingo, 17 de novembro de 2013

Nietzche e o Super-homem II

Em NIETZSCHE E O SUPER HOMEM comentei que para Nietzsche o super-homem é o indivíduo que criou seus próprios valores afirmativos da vida, que não é condicionado pelos hábitos e valores sociais de uma época. Para aprofundarmos nossas reflexões teremos que nos apoiar em Bakhtin  (1895 - 1975) que foi um linguista russo  para quem “a palavra é uma ponte entre mim e o outro". Mas o que seria esta ponte entre mim e o outro? 
Quem sabe o super-homem  não seja o construtor de pontes, com o seu  salto inesperado, inovador vivido por alguns e depois copiado, vivenciado e humanizado por muitos, num ciclo que se repita ad eternum?
Quem sabe se em cada ciclo, em cada novo paradigma não haja um super-homem tecendo sua teia e se lançando no salto? Salto que depois é mimetizado por muitos? 
Então, talvez haja a utopia do apogeu do super-homem, quando todos chegarmos - pela convivência - ao UM.
(em resposta a Peixoto, sobre a utopia do apogeu do super-homem, em 17/11/2013)


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Consumo alienado Capitalismo e poesia

Quando observamos nas vitrines das lojas de marca ou nas vestes dos indivíduos que passam por nós, as  calças jeans rasgadas, que certamente foram compradas por um preço bem acima dos padrões correntes de consumo, nos perguntamos:  como alguém - que não vive na pobreza - veste este tipo de roupa, que até bem pouco tempo era um signo da pobreza?

A resposta que vem à mente é que o Capitalismo selvagem copia até a pobreza do indigente, que só tem o direito de existir em sua pobreza, se for para alimentar o consumo alienado da sociedade  capitalista.

Creio que foi Cecília Meireles quem escreveu um conto sobre uma pobre menina rica invejosa. Parafraseei o final do conto, que ficou  assim:

 "A menina morava na mesma rua que eu, do outro lado, em frente à minha casa. Eu era muito pobre e ela era muito rica e tudo o que eu vestia ela copiava: as sandálias de borracha, as roupas simples. A pobre menina rica era tão invejosa, tão invejosa, que invejava até a minha pobreza.


Esta é uma  história deste tempo de Capitalismo avançado e consumo alienado. Mas não somos marionetes, somos indivíduos com consciência e sabedoria.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Democracia e a Ética do meio termo de Aristóteles

As pessoas aprendem a ser democratas na vida em grupo e na luta política conjunta, por este motivo, viver uma Democracia representativa - de fato - requer tempo, participação conjunta e aprendizado. Ninguém, ao iniciar-se nesta escola democrática inicia-se imediatamente  na ética do meio termo de Aristóteles. Pelo contrário todo início é difícil, porque o conhecimento tácito existente sobre o assunto não é facilmente transferível, pois a convivência, que propicia que o conhecimento democrático seja transferido, muitas vezes não acontece.
Ninguém se inicia na luta democrática através da ética de meio termo aristotélica. Quando as instituições políticas não mais atendem à maioria do povo e o povo não tem modelos de aprendizado, desenvolve-se um gradiente extremista: que apresenta de um lado os apáticos, os desanimados (que significa sem alma), acomodados e do outro, os vândalos. Em meio aos dois a violência!
Luis Althusser fala em AIE - Aparelhos Ideológicos do Estado , que são as instituições que hoje, especialmente, estão desgastadas e  não atendem mais aos anseios conjuntos do povo brasileiro. A própria educação, por força do Mercado, acaba por transmitir de forma engessada os valores, idéias, crenças, comportamentos vinculados aos interesses da classe dominante. Isto, em detrimento da transmissão dos conteúdos dos saberes construídos e sistematizados historicamente. A educação não tem conseguido ir além do Mercado.
A esfinge está no meio desta estrada que leva à Democracia e não se sabe a pergunta que ela traz e nem a resposta.  Tudo está sendo tecido e a apatia e o vandalismo são maus conselheiros. No entanto só se aprende a Ética do meio termo na luta política diária e conjunta contra as injustiças, porque a ética do meio termo nao é uma sanção.

A Dialética da Democracia no século XXI se representa numa avalanche de transformações. Tese, antítese e síntese se desmancham no ar.

TE MEGALA PANTA EPISPHALE - “Tudo que é grande precipita-se numa avalanche de transformações”. (Platão, apud Carneiro Leão, Filosofia Contemporânea, 2013). 

A aprendizagem da ética do meio termo exige tolerância aos desvios iniciais. É possível desenvolver a tolerância e a paciência e aprender  a ética do meio termo em meio a esta  avalanche de transformações ?




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domingo, 13 de outubro de 2013

A origem da família e a Civilização

Continuando a prospectar a origem da família, vejamos uma análise do processo que conduziu os povos da barbárie à civilização, no julgamento da civilização por Morgan (1818 - 1881) -  Lewis Henry Morgan - homem de ciência norte-americano, etnógrafo e historiador da sociedade primitiva.

"Desde o advento da civilização, chegou a ser tão grande o aumente da riqueza, assumindo formas tão variadas, de aplicação tão extensa, e tão habilmente administrada no interesse dos seus possuidores, que ela, a riqueza, transformou-se numa força incontrolável, oposta ao povo. A inteligência humana vê-se impotente e desnorteada diante de sua própria criação. Contudo, chegará um tempo em que a razão humana será suficientemente forte para dominar a riqueza e fixar as relações do Estado com a propriedade que ele protege e os limites aos direitos dos proprietários. Os interesses da sociedade são absolutamente superiores aos interesses individuais, e entre uns e outros deve estabelecer-se uma relação justa e harmônica. A simples caça à riqueza não é a finalidade, o destino da humanidade, a menos que o progresso deixe de ser a lei no futuro, como tem sido no passado. O tempo que transcorreu desde o início da civilização não passa de uma fração ínfima da existência passada da humanidade, uma fração ínfima das épocas vindouras. A dissolução da sociedade ergue-se, diante de nós, como uma ameaça; é o fim de um período histórico — cuja única meta tem sido a propriedade da riqueza — porque esse período encerra os elementos de sua própria ruína. A democracia na administração, a fraternidade na sociedade, a igualdade de direitos e a instrução geral farão despontar a próxima etapa superior da sociedade, para a qual tendem constantemente a experiência, a razão, e a ciência. 

Será uma revivescência da liberdade, igualdade e fraternidade das antigas gens, mas sob uma forma superior." 

(Morgan, A Sociedade Antiga, pág. 502; citado por Frederich Engels, em A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, pag. 142-143).

sábado, 12 de outubro de 2013

Familia Sociedade e Estado

Houve uma época na história da humanidade em que os homens e mulheres viviam em um tipo de sociedade chamada gentílica  que tinha um grande espírito comunitário. Não havia divisão sexual do trabalho pois todos faziam as mesmas tarefas, desde plantio, cuidado com as crianças e velhos,  conselho e normas. Era a época do Matriarcado. No Matriarcado o casamento era grupal - ou seja todos os homens casavam com todas as mulheres - e a mãe era o elemento mais importante da sociedade gentílica. Todo guerreiro sabia quem era a sua mãe, mas o pai poderia ser qualquer homem. Quando na mente humana surgiu o traço da conquista de outros povos, o eixo paradigmático da história deslocou-se para a necessidade de conhecer novas tribos e conquistar riquezas, e os homens que viviam na sociedade gentílica - junto com as mulheres - saíram da tribo em busca de tesouros e ocorreu a primeira divisão sexual do trabalho: as mulheres ficavam na comunidade gentílica e os homens saíram para conquistar riquezas e outros povos. 

Na época do matriarcado, tudo era concebido de forma interligada: as pessoas; o ser humano e a Natureza; os deuses, tudo deveria ser honrado e respeitado, pois a vida era considerada sagrada, parte da Divindade.
Com o passar da  história os homens que voltavam carregados de tesouros, de riquezas começaram a questionar sobre quem eram os seus filhos, para deixar a sua herança. Começava aí a semente da acumulação de bens. Nesta configuração histórica o eixo do Matriarcado desloca-se para o Patriarcado e o casamento que era grupal passa  a ser monogâmico. Ou seja o casamento monogâmico não tem nada a ver com a igreja e sim com o espírito de acumulação de bens.

Ora, pode-se afirmar que a família tradicional, que conhecemos hoje, foi fundada em cima da acumulação de riquezas, ou seja é fruto e se aperfeiçoou em cima do modelo Capitalista. Ela perdeu os vínculos comunitários da sociedade gentílica e fechou-se em si mesmo, rompendo definitivamente os laços sociais que a prendem à Comunidade..
Tocqueville tem um texto que retrata com muita delicadeza esta perda dos laços comunitários da família:
"Cada pessoa, mergulhada em si mesma, comporta-se como se fora estranha ao destino de todas as demais. Seus filhos e seus amigos constituem para ela a totalidade da espécie humana. Em suas transações com seus concidadãos, pode-se misturar a eles, sem no entanto vê-los; toca-os, mas não os sente; existe apenas em si mesma e para si mesma. E se, nestas condições, um certo sentido de família ainda permanecer em sua mente, já não lhe resta sentido de sociedade."  (Tocqueville, Apud Richard Sennett em o Declínio do Homem Público).
A Família monogâmica - tal qual conhecemos hoje - e a Sociedade já nasceram separadas, por uma questão de acumulação. Ou seja há uma fragmentação, separação, exclusão,  quando se pergunta: quem são os meus filhos? . No entanto há uma questão sociológica, pois a sociedade está dentro do indivíduo, como cultura, linguagem, crença, mitos.  

Há um paradoxo insolúvel. Do lado de dentro laços profundos unem cada indivíduo com a sociedade e do lado de fora uma cisão leva cada um a trancar a porta e a desconhecer tudo e todos que se afastam dos laços sanguíneos.
A família é o núcleo central da Sociedade  e do Estado. Nasceram juntos e juntos se transformam. Quando a família  muda é porque grandes mudanças se avizinham. E a família está mudando.

Que novos paradigmas de família, sociedade e Estado estão sendo gestados na mente humana? A Filosofia não tem respostas, só indagações.




terça-feira, 24 de setembro de 2013

As Uma visão das propriedades da mente - Um estudo sobre liderança e o ser humano

A força criativa é a 1ª. propriedade da mente humana, que é social por natureza. Isto significa que precisamos do outro para aprender. Precisamos do grupo para sermos nós mesmos. Nosso individualismo passa por conexões comunitárias.
A 2ª. propriedade da mente humana é a construção da informação, que se dá de forma conjunta e participativa. A informação é criada pelo ser humano no interior de sua própria mente, a partir da bagagem que possui. Por este  motivo podemos dizer que não se passa informação,  passam-se mensagens e o sujeito cria a informação em sua mente, lendo a mensagem, a partir de sua bagagem. Usando uma metáfora podemos dizer que a bagagem é criada pelo indivíduo, no dia a dia, mas a mochila que  usa foi construída pela comunidade, pelo grupo e incorporada por ele através da linguagem, da imitação, da convivência, da experiência conjunta, do diálogo, da participação conjunta.
A 3ª. propriedade da mente humana é a socialização da informação, querendo afirmar com isso que o ciclo de aprendizado da mente se inicia  a partir da imersão do sujeito em debates, diálogos, troca de idéias e finda com a pessoa operacionalizando a vida de forma diferente, porque aprendeu uma nova forma de fazer. Está correto o mito de Hércules que afirma que as maçãs douradas estão nas mãos do outro.
Nesta viagem em direção a si mesmo, cada indivíduo constrói de forma conjunta o conhecimento e vai tecendo com novos fios a sua mochila, renovando o bornal de viagem, porque aprende também novos valores, novos conceitos, novas atitudes, novas visões de mundo, uma nova forma de pensar.

A 4ª. propriedade da mente tem a ver com mimese, ou seja, a capacidade que a mente possui de ser um campo onde idéias e conceitos se debatem até que algo novo substitua as antigas posturas. Nossa mente é povoada de memes que segundo  Richard Dawkins são para a cultura o que o DNA é para a Biologia. Qualquer  idéia ou conceito pode ser transmitida de um indivíduo para outro através da comunicação escrita (conhecimento explícito) ou através da convivência, das interações que fazemos com o grupo, da comunicação oral, do contato direto com as pessoas (conhecimento tácito). A vida conjunta, a convivência, a vizinhança, o trabalho reforçam os laços de aprendizagem . As propriedades da mente são também propriedades da informação, podem ser reconhecidas como propriedades do grupo. No entanto esta riqueza pode ser perdida se o líder e seu grupo não perceberem o pote de ouro no final do arco-íris, que simboliza uma nova aliança.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Zygmunt Bauman - Sobre a sociedade

A nova sociedade individualizada é um fenômeno global, que surge localizado, a partir do deslocamento do eixo para um novo paradigma cultural, a partir do qual homens e mulheres constroem conhecimento no qual a matéria prima para gerar riquezas, é o indivíduo, o local, a vizinhança, as relações próximas. 
Quando Deus perguntou a Caim onde estava Abel, Caim replicou, zngado, com outra pergunta: “Sou por acaso o guardião de meu irmão?”. O maior filósofo ético do nosso século, Emmanuel Levinas, comentou que dessa pergunta zangada de Caim, começou toda a imoralidade. É claro que sou o guardião do meu irmão; e sou e permaneço uma pessoa moral enquanto não pergunto para uma razão especial para sê-lo.Quer eu admita, quer não, sou o guardião do meu irmão, porque o bem-estar do meu irmão depende do que eu faço ou do que eu me abstenho de fazer. E sou uma pessoa moral porque reconheço esta dependência e aceito esta responsabilidade que ela implica. No momento em que questionao esta dependência, e, peço comofez Caim, que medêem razões para que eu me preocupe, renuncio à minha responsabilidade e deixo de ser um ser moral. A dependência de meu irmão é que me faz um ser ético. A dependência e a ética estão juntas, e juntas elas caem (BAUMAN, Sociedade Individualizada, 2008).


Como superar este momento e não entrar em pânico, já que está em risco o próprio enfraquecimento do ser, alijado de uma história coletiva? 
Resta às pessoas, aos grupos e comunidades voltarem-se sobre si mesmas e buscarem encontrar suas próprias soluções, re-inventarem vidas, protagonizarem histórias, dando um novo sentido às experiências individuais e coletivas - as Erlebnis e Erfahrung de Walter Benjamin (2008) . 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A ação social em Weber

Weber  (1864 - 1920) foi um economista alemão, jurista e classicamente é considerado um dos fundadores da Sociologia.

Para Weber a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais e Weber diz que a ação social é o que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros. Complementando, a ação social se dá em nível tácito e aqui a voz não é o elemento mais importante, mas o gesto, a atitude, o comportamento, são os mobilizadores das ações sociais.

Weber estabeleceu quatro tipos de ação social. Segundo ele,  são conceitos que explicam a realidade social, mas não são a realidade social: Ou seja a realidade é muito maior, pois compreende os atores, as tecnologias, o contexto e as práticas que tecem a Rede integrada e interagente de ações sociais,  

São as seguintes as ações conceituadas por Weber e aqui faço algumas considerações fruto de estudos sobre o autor.
1 – ação com relação a valores: crença num valor considerado importante - Ou seja nos identificamos com certos valores e nos afastamos de outros - identidade e rejeição. Esta valoração nos levará a posturas e práticas na rede intrincada de ações sociais;
2 – ação afetiva: determinada por afeições - Aqui as ações são pautadas pelas afeições, independente de valores que possam sustentar a ação; 
3 – ação com relação a fins: ação pautada em objetivos e que organiza os meios necessários.- ação que não é sustentada nem por valores, nem por afetos, mas pelos objetivos a serem alcançados e a partir desta ideologia organiza os meios necessários;
4 – ação tradicional: determinada por um costume ou um hábito arraigado - ação que é mobilizada pela tradição vigente, pode-se falar aqui em ação como fato social, posturas e práticas "aprendidas", "incorporadas" e que são parte do legado cultural, uma razão  herdada.

Há uma teleologia na rede e não se sabe qual a finalidade - a resultante final - pois disputam entre si os valores, os afetos, os objetivos e a tradição. Para Weber, as regras e normas sociais não são exteriores aos indivíduo. Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais.


Ou seja a reforma política não é externa ao ser humano, antes passa por uma reforma da mente e não se sabe qual é o fim, pois novas variáveis continuam sendo tecidas tacitamente e a mente é o grande palco onde tudo acontece.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Experienciando uma Interpretação Filosófica da parábola "O argueiro no olho"

Parábola contada pelo Rabi de Nazaré para ensinar aos ouvintes.  Fiz uma interpretação do ensinamento.
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Parábola: Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? 

Esta parábola é uma metáfora para compreender o  significado dos  novos paradigmas. Na maioria das vezes não percebemos  as pequenas mudanças em nós ou a nossa volta ou não as valorizamos, mas elas se instalam e parafraseando  José Saramago, nenhuma mudança é repentina, pois  o destino leva tempo a se decidir. É como se tivéssemos um argueiro no olho, que nos impede de vermos o quadro real. A questão é que na imensa maioria das vezes nos perdemos em críticas e ao invés de focarmos na solução dos problemas, nós investimos nossa criatividade nos conflitos..
Esta parábola remete ao dogmatismo, quando acreditamos que o outro diante de nós está interpretando a tudo de uma forma errada. Temos as nossas certezas e acabamos por nos tornar etnocêntricos, acreditando que quem não pensa como nós está errado. Na verdade, é fundamental entender que nenhuma interpretação da vida é desligada da experiência de quem a construiu. Isto se chama relativização, ou seja, é fundamental compreender que  toda interpretação é resultado de uma vivência e no máximo nos cabe, gentilmente, dizer ao outro: não penso como você, para mim, esta questão tem um outro significado. E se valer a pena, se a pessoa for muito importante para você, mostrar como você vê o problema, com delicadeza, sem antagonizar..
Na verdade, a metáfora se refere a um cego guiando outro cego, pois dentro da visão dogmática, o outro para nós simplesmente não existe, não o reconhecemos, nem o respeitamos e nesse compasso se instala a indiferença, tão prejudicial nos relacionamentos. A realidade é que cada um de nós interpreta a tudo de um  jeito próprio, de acordo com a bagagem que se tem e certamente sempre existirão diferenças entre as visões das pessoas. Distintas experiências ajudam a  complementar as maneiras de ver o mundo e delinear juntos uma solução mais inteligente, que enxerga muito mais, por acréscimo da maneira de ver do outro.
A maior diferença entre s pessoa não é tanto de gênero, cor ou orientação sexual, mas sim a forma de pensar, de resolver problemas, de criar soluções. E esta propriedade  da mente pode ser usada em favor da vida em grupo, pois nenhuma solução é isolada ou individual, pois sempre existe mais de uma pessoa envolvida nos contextos.
Na verdade ficar olhando o problema não é a melhor alternativa para encontrar a solução, a experiência tem mostrado que focar no contexto que gerou o problema é parte da  solução. E quando se integram pessoas neste esforço, a solução criativa acontece, porque nada é isolado.
Nas organizações empresariais esta metáfora do argueiro no olho remete ao enfraquecimento  do profissional, do administrador, do gestor, porque pessoas e soluções se perdem na ilusão de que só existe uma forma de resolver os problemas. Na verdade as pessoas pensam diferente  umas das outras e esta é a riqueza do mundo, a mente é social e colaborativa, de uma complexidade e simplicidade indescritível.

Em nível pessoal, as pessoas se perdem porque ficam olhando os defeitos dos outros e isto se for realizado por muito tempo, acaba por gerar um entorpecimento mental, que não traz a tão sonhada capacidade criativa para resolver problemas e impede a pessoa de enxergar os novos caminhos, as soluções inteligentes, que já estão ali, mas estão embaçadas pela visão individualista.

domingo, 30 de junho de 2013

Hannah Arendt Edgar Morin e Paulo Freire - Uma interlocução necessária

Johanna Arendt - Hannah Arendt - (1906 - 1975) deixou-nos um legado muito importante sobre a condição humana, quando conceitua o sujeito e sua relação com a ideologia vigente, com a cultura, com a mentalidade do povo. De uma certa forma o conceito assemelha-se ao conceito de fato social de Émile Durkheim, ou seja quando nascemos enfrentamos toda uma carga de restrições  linguística, cultural, religiosa que nos forma, conforma e de forma. Entra-se na vida pelas águas do discurso e da ação, e somos na maioria das vezes levados pela correnteza, arrastados pelas ondas culturais.

Hannah Arendt diz: 

“Embora todos comecem a vida inserindo-se no mundo humano através do discurso e da ação, ninguém é autor ou criador da história de sua própria vida. Em outras palavras, as histórias, resultado da ação e do discurso, revelam um agente, mas esse agente não é autor nem produtor. Alguém a iniciou e dela é o sujeito, na dupla acepção da palavra, mas ninguém é seu autor.”

Arendt usa o termo "sujeito" no sentido de "sujeitado"a um discurso, que envolve e restringe. 


Para cotejar a bela conceituação de Hannah Arendt trazemos Edgar Morin e Paulo Freire.


Edgar Morin tem uma bela definição para cultura: Ele diz que é nossa prisão, mas também nosso salto às estrelas. Visto por este ângulo, a sujeição não é definitiva, nem inexorável, e a única porta que Morin vê para a liberdade desta condição humana é o discurso. Há aqui um paradoxo, pois o que aprisiona é o que pode libertar. Não há heróis nesta jornada solitária, há seres humanos que lutam e se libertam.


Quanto a Paulo Freire, o professor registrou a importância do indivíduo tornar-se sujeito, e em sua tomada de consciência, libertar-se da opressão, da ideologia vigente e tornar-se sujeito de si mesmo, tornando-se autor e produtor de sua própria vida.


sábado, 22 de junho de 2013

Walter Benjamin: Erfahrung e Erlebnis - Mídia social, experiência Coletiva e experiência isolada

A experiência individual (Erlebnis) que se representa na mídia social mostra o artesanato na arte da construção da experiência coletiva (Erfahrung). e o surgimento de uma nova narrativa - vida conjunta que se tece numa história comum a muitos.

Walter Benjamin  conceitua narrativa como um relato comum ao narrador e ao ouvinte, uma comunidade de vida e palavra, que segundo Benjamin destruiu-se com o Capitalismo, causando a perda da experiência coletiva.

Esta comunidade entre vida e palavra funda-se na atividade artesanal. Quando esse fluxo da narrativa coletiva, da vivência conjunta se esgota, quando cada um constrói a informação de forma isolada, olhando para a sua própria experiência, restringido à sua própria bagagem,  "o indivíduo isolado e desorientado encontra o seu duplo no herói solitário do romance".

Walter Benjamin estabelece um laço importante entre o fracasso da Erfahrung (experiência coletiva), e o fim da arte de narrar - que defino como o artesanato da informação, o que envolve laços  entre o indivíduo e sua comunidade.

Benjamin destaca o jornal como hoje ocupando este espaço informacional, em detrimento da construção da informação  pelo individuo. No entanto, a partir da arte da aprendizagem conjunta entre indivíduos e a comunidade que os acolhe - o artesanato informacional como "uma semente, carrega suas forças germinativas" e faz surgir com o tempo, "uma nova organização social comunitária".

A  mídia social como espaço público  se define também como um local para  tecer a informação de forma coletiva, evidenciando a possibilidade da construção artesanal da informação, levando progressivamente à construção de novas narrativas - vida e palavra - que enlaçam distintas Erlebnis (experiências individuais) e progressivamente destacam a Erfahrung (experiência coletiva) de Walter Benjamin.




terça-feira, 18 de junho de 2013

O espaço público na Rede Social: Uma nova ordem ética e política

         O espaço público na Rede Social é um modelo de tecnologia-informação-comunicação, criado na interação social entre indivíduos e dinamizado na conexão entre computadores, onde a as pessoas constróem a informação, de forma participativa, ampliando experiências, idéias. Não há uma cepa predadora na Rede, não há uma liderança, pois a rede  não tem um centro.

         Esta conexão entre pessoas, como um serviço público, propicia o diálogo, e estimula a busca participativa de uma solução particular para um problema. 
Está em curso uma nova ordem ética e política que destaca todo indivíduo, como um nó na Rede, conectando-se com outras pessoas, numa comunicação computador a computador, empreendendo um novo processo ético, que considera a história de cada um, e os insere no campo da linguagem.

“A linguagem da qual se trata aqui, repitamos, não é o objeto que os lingüistas estudam, nem algum veículo neutro próprio para transmitir as  mensagens eficazmente.  Uma linguagem é a condição de possibilidade de um mundo, desdobra o campo de significado donde surgem os eventos, estende a grande placa imaginária sobre a qual os fatos se desenrolam e encadeiam.
 "Notem vocês que se eu tivesse dito: a linguagem é nosso instrumento de comunicação, teria colocado  a linguagem no corpo, como instrumento através do qual manejamos símbolos na comunicação. Reconheço também que a linguagem não se dá no corpo, mas sim no fluir em coordenações consensuais de conduta” (Maturana).

   
          A linguagem que permeia a democracia representativa está no corpo, mas a que representa o anseio por uma democracia participativa está no fluir da linguagem que interliga ponto a ponto as pessoas, de forma ubíqua.  Há, como na vida, um sentido teleológico na Rede, que de ponto a ponto incorpora novas variáveis, novas idéias, novas concepções de vida, fazendo surgir a linguagem resultante da idéia coletiva, e que se auto-coordena  de forma consensual. Há na Rede social uma auto-gestão que evidencia cada nó e que merece ser estudada cientificamente, pois não há um líder, uma vez que a liderança, de forma ubíqua, está na Rede. 


         Que partido está habilitado para esta representação? Que gestores? A coisa pública está em jogo. Há a exigência de uma nova ética e política no governo das coisas.


 MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Minas Gerais : Editora UFMG, 1998. 98 p (coleção Humanitas). 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Aristóteles, Platão e Hegel - O exercício das funções públicas

De acordo com Platão e Aristóteles (em torno do século IV a.C.), o ideal de política deveria partir de um modelo de governante ideal para o exercício de suas funções públicas, uma política prescritiva por indicar caminhos para distinguir entre o bom governo e a política corrompida. 

Decorre daí uma estreita ligação entre Ética e Política.

No entanto...a ordem democrática grega foi destruída na Guerra do Peloponeso, e Atenas foi derrotada.

As vaias recebidas antes do jogo pela Presidenta Dilma  nada mais são que consequência de todo um processo anterior, cuja tendência já deixava antever as consequências."Não é no seu fim que a coisa se esgota, mas em sua execução. O resultado nu é o cadáver que a tendência deixou atrás de si." (Hegel)

Realmente as vaias são um signo que representam a gota d'água. As vaias são um resultado - um cadáver - que a tendência deixa atrás de si. 

A tendência pode ser prevista e contida? Como todo processo histórico depende  de variáveis que não são isoladas, pelo contrário, se interpenetram e criam novas variáveis, formando  "um construto cognitivo" difícil de medir a trajetória!


sexta-feira, 31 de maio de 2013

Immanuel Kant e o Apriorismo Kantiano - Jerry Fodor / Humberto Maturana e Francisco Varela

Kant  (1724 - 1804) em sua filosofia do apriorismo afirmou que a experiencia  é importante na apendizagem pois ela nos dá o material do conhecimento e declarou que a razão processa estas informações porque a priori o ser humano possui no cérebro as estruturas próprias que permitem à razão processar as informações.

De forma análoga,  Jerry Fodor (1935 -) é um filósofo moderno, um dos expoentes da Filosofia da Mente - uma interface entre a Filosofia e a Ciência cognitiva. Jerry Fodor sistematizou sua Teoria contrapondo-a à Teoria da evolução das espécies de Darwin.

Segundo Fodor, o ser humano possui no cérebro o equipamento que alavanca a evolução da espécie humana, que semelhante a um computador recebe e processa as informações, aprendendo e atualizando todo o repertório de conhecimento - progressivamente - chegando a funções semelhantes a um sistema de  Inteligência Artificial.

Fodor trabalha com uma filosofia semelhante a de Kant, onde a mente é metaforicamente falando um sistema computacional modular, que vai se atualizando na medida do desenvolvimento da cognição humana. Um conceito semelhante foi criado pelos chilenos Humberto Maturana (1928 - ) e Francisco Varela (1946 - 2001) chamado Autopoiese ou autopoiesis. Designa a capacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios.


São teorias que se interligam e que trazem novas visões e novas versões sobre a trajetória e saga do  ser humano em direção à inteligência e à razão.





quinta-feira, 9 de maio de 2013

IMMANUEL KANT E O TRIBUNAL DA RAZÃO

Kant nasceu na Alemanha (1724 - 1804) e é o maior filósofo do Iluminismo alemão. Ele nos leva a vivenciar o Tribunal da Razão. Ou seja questionar a nossa maioridade humana.

Para Kant a Filosofia deveria responder quatro perguntas:
1. O que posso saber?
2. Como devo agir?
3. O que posso esperar?
4. O que é o ser humano?

O que posso saber?
Qual o conhecimento que tenho das coisas? Devo estudar mais? Ler mais? Aprender mais? Que métodos, que heurísticas uso para aprender? Que filtros eu uso? Enfim....a Filosofia de Kant ensina a questionar-se sempre como primeira condição para viver e saber.

Como devo agir?
Aqui  o foco recai sobre as práticas da pessoa, sobre as suas ações. E desta forma as práticas do ser humano se tornam o objeto de estudo da Filosofia , explicitando o Tribunal da Razão.

O que posso esperar?
Aqui as palavras são antecipação, previsão,  percepção do contexto. Ao vivenciar filosoficamente o Tribunal da Razão o ser humano passa a se questionar sobre suas práticas, o que também é objeto da Filosofia.

O que é o ser humano?
Qual o nosso papel na família, na comunidade, em sociedade, no planeta? O que é o ser humano? 

A filosofia Kantiana ensina a instaurar um Tribunal permanente, instalado na razão, conduzindo-nos a um crescimento moral, tão necessário ao indivíduo e à sociedade, em todas as épocas.

domingo, 24 de março de 2013

PENSAR - Uma ética para o século XXI (Platão - Epicuro - Anaxágoras - Sócrates - Aristoteles)

O que a Ética e a moral em Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.) , Epicuro de Samos (341 a.C - 270 a.C)., Platão de Atenas (428/27 a.C. - 347 a.C), Anaxágoras de Clazômenas (500 a.C. - 428 a.C) e Aristóteles de Atenas (444 a.C. — 365 a.C.).nos ensinam em termos de um viver ético hoje, no século XXI? 

Bom...Sócrates estimulava os seus alunos  a pensarem e ensinava através do diálogo que se estabelecia entre todos, a importância do conceito ao racionalizarmos a vida. Ou seja se as bases do pensamento são frágeis, nossa forma de ver o mundo deve ser questionada.

Ou seja, Sócrates ensinava a pensar, dialogar e socializar o conhecimento individual, ensinava a conceituar, e a partir dos novos conceitos estimulava os alunos a fazerem uma revisão do seu quadro mental e por fim, com seu método - a maiêutica ( que significa parto) -  levava a todos a operacionalizarem a vida de um jeito diferente.

Platão que escreveu "A República" dizia que no plano ético, o homem bom é o bom cidadão. Ou seja é o que tem seu pertencimento na cidade.

Epicuro, afirmava que no plano ético o ser humano deve seguir alguns princípios, dentre eles ter "uma vida bem analisada".  Este princípio de Epicuro complementa a maiêutica de Sócrates.

Anaxágoras de Clazômenas foi um filósofo pré-socrático, que fundou a primeira escola filosófica de Atenas e  contribuiu para a expansão do pensamento filosófico e científico.

Por outro lado, Aristóteles em sua Ética a Nicômaco, ensinava a importância de um viver ético ao seu filho, Nicômaco. É bom lembrar que a família é o embrião do Estado e a ética em família é a protoforma da ética em sociedade.

Por estes motivos, estes filósofos se complementam.

Criei o anagrama PENSAR usando letras dos nomes destes filósofos, como emblema ético no século XXI.

  • Vivência conjunta com cidadania (Platão); 
  • Uma vida bem analisada (Epicuro); 
  • Expansão progressiva do pensamento (ANaxágoras)
  • Reflexão e análise sobre a forma própria de pensar (Sócrates);  
  • Étca como virtude, com o sentido da excelência de cada ação, de fazer bem feito, cada pequeno ato conta. (ARistóteles).   




terça-feira, 12 de março de 2013

Hierarquias naturais e liberdade : Uma interpretação filosófica das teorias de Rousseau para o mercado em rede com sustentabilidade



"O homem nasce livre e por toda parte está acorrentado" (Jean Jacques Rousseau - 1712 - 1778)

O Mercado – símbolo da economia neo-liberal - é uma criação virtual e na verdade existem vários mercados constelados a partir de uma empresa, que com a pós-modernidade abandona o conceito natural e antigo de hierarquia para abraçar o conceito de hierarquias planas, em Rede com outras empresas, consteladas ao seu redor. São clientes, fornecedores, terceiros, quarterizados, parceiros, o governo etc. Stakeholders unidos em Rede, tendo que viver de forma auto-gestionária, fazendo jus à liberdade, que deveria  ser o elemento fundante da Rede, conectando, (elos de uma corrente)  todos  à ética, à moral, às leis e às normas. Mas não é isto que acontece.
Muitos são os exemplos da falta de conexão com a ética, como os da Apple (1), parceria da Foxconn na China, onde os operários estão se suicidando, devido a trabalho escravo, ou exemplo como o da Zara (2) que terceirizou sua confecção para uma micro-empresa em São Paulo, que recebeu em 2011 24 autos de infração, por promover trabalho escravo. Na verdade estas empresas querem uma liberdade do estado natural, o que não é possível, pois esta liberdade não condiz com o status de uma sociedade civil.
Ao sair do estado de natureza e ir viver em sociedade, o ser humano não é mais livre. Rousseau tem razão, a sociabilidade exige a organização em sociedade civil, pois onde começa o direito de um, termina o direto do outro. Estamos acorrentados por todos os lados e temos que nos mover considerando o bem comum. Na organização em Rede – com sustentabilidade - vão se desenvolvendo níveis de relacionamento  de maior complexidade e de maior conectividade. A vida em Rede exige uma restrição na liberdade individual, para que surja o bem comum e a  cidadania seja plena.

O conceito "só é bom para mim se for bom  para  todos" simboliza o bem comum, é resultado do exercício da Cidadania e simboliza uma liberdade baseada em regras, leis, normas, ética e moral. Mas hoje com o individualismo, o egoísmo, a falta de ética, será que estamos voltando ao estado de natureza? Que exige uma liberdade total? Sem restrições? Sem respeito ao próximo? Sem preocupação com o bem comum? Com uma  ética instrumental? A serviço de uma economia desligada do meio ambiente e da sociedade?

Cabe a cada um, às empresas  e à sociedade em geral escolher o caminho que deseja seguir: o caminho do estado da natureza, com liberdade total e irrestrita ou o caminho da cidadania, que nos acorrenta a normas, a leis, à ética do bem comum e à  moral do grupo.

(1) http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/noticias/executivos-declaram-que-apple-sabe-do-trabalho-escravo-nas-fabricas-da-foxconn
(2) http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1954028

domingo, 10 de março de 2013

Rousseau e a Liberdade

"O homem nasce livre e por toda parte está acorrentado" (Jean Jacques Rousseau - 1712 - 1778)

Ao sair do estado de natureza e ir viver em sociedade, o ser humano não é mais livre. Rousseau tem razão, a sociabilidade exige a organização em sociedade civil, pois onde começa o direito de um, termina o direto do outro. Na organização em sociedade, vão se desenvolvendo níveis de relacionamento  de maior complexidade. A vida em sociedade exige uma restrição na liberdade individual, para que surja o bem comum e a  cidadania.

O conceito "só é bom para mim se for bom  para  todos" simboliza o bem comum, é resultado do exercício da Cidadania e simboliza uma liberdade baseada em regras, leis, normas, ética e moral.

Hoje com o individualismo, o egoísmo, a falta de ética, será que estamos voltando ao estado de natureza? Que exige uma liberdade total? Sem restrições? Sem respeito ao próximo? Sem preocupação com o bem comum? Sem ética?

Cabe a cada um e a sociedade em geral escolher o caminho que deseja seguir: o caminho do estado da natureza, com liberdade total e irrestrita ou o caminho da cidadania, que nos acorrenta a normas, a leis, à ética do bem comum e à  moral do grupo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

É possível chegar ao conhecimento verdadeiro? A verdade existe? Duas correntes discutem esta questão:Ceticismo e dogmatismo

Quantas vezes na vida nos questionamos sobre o que fazer? Ou então nos perguntamos: por que eu? O que foi que eu fiz? O que devo mudar na minha vida? Todas estas perguntas estão relacionadas com o conhecimento que temos, com a forma de aprender que usamos, enfim todas estas questões estão relacionadas com a nossa bagagem, com a nossa forma de ver o mundo.

A verdade é que somos de um jeito. Podemos mudar? o que é preciso? Como fazer isto? Desde a Antiguidade grega que os que amam a sabedoria buscam respostas para estas e outras questões filosóficas.

O que é e como se dá o conhecimento na mente da pessoa? É possível um conhecimento verdadeiro? É possível conhecer a verdade? Estas são as questões que fundamentam a Teoria do Conhecimento ou Epistemologia, que é uma disciplina filosófica. Cada teoria que busca estudar o conhecimento constitui uma reflexão filosófica que busca investigar o que é e como se dá o conhecimento.

Dentro deste contexto duas correntes filosóficas destacam-se: Ceticismo e Dogmatismo

Para iniciar nossa viagem por estes domínios, convém lembrar Richard Rorty que afirma que  "conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente". Para conhecer então precisamos de um lado de nossa consciência - ou seja de um sujeito -  e de outro lado da realidade - o objeto. O conhecimento se dá quando a pessoa consegue apreender o objeto e representá-lo mentalmente. Dependendo da corrente filosófica, será dada mais ênfase ao sujeito - caso do Idealismo - ou ao objeto - Realismo ou Materialismo.

No caso da corrente filosófica "Idealismo", os objetos são construídos na mente -são  representados - de acordo com a capacidade de percepção da pessoa. Já para o 'Realismo' as percepções que temos são reais. Ou seja o que é percebido é o que é em si mesmo.

Para a  corrente filosófica chamada "Ceticismo", não há possibilidade de conhecer a verdade, pois os sentidos e a razão nos induzem ao erro. Para esta corrente (Ceticismo absoluto -  século IV A.C.) não há possibilidade de se chegar à verdade.

Para o Ceticismo relativo, ."o homem é a medida de todas as coisas"(Protágoras - século V A.C.), ou seja a verdade é uma construção humana, ao longo de toda a história da humanidade.

Por outro lado, para  a Corrente filosófica "Dogmatismo" há a possibilidade de se chegar à verdade. E aqui temos o dogmatismo ingênuo que confia plenamente em seu próprio conhecimento e o dogmatismo crítico, que  admite chegar ao conhecimento a partir de um esforço crítico sobre os sentidos e a Inteligência.

Kant no século XVIII buscou superar este impasse entre ceticismo e dogmatismo, a partir do que ele denominava de um exame crítico da razão.

O mais importante é que façamos sempre este exame de consciência para que sejamos guiados pelo conhecimento e não arrastados por ele.













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