quarta-feira, 17 de julho de 2013

Experienciando uma Interpretação Filosófica da parábola "O argueiro no olho"

Parábola contada pelo Rabi de Nazaré para ensinar aos ouvintes.  Fiz uma interpretação do ensinamento.
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Parábola: Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? 

Esta parábola é uma metáfora para compreender o  significado dos  novos paradigmas. Na maioria das vezes não percebemos  as pequenas mudanças em nós ou a nossa volta ou não as valorizamos, mas elas se instalam e parafraseando  José Saramago, nenhuma mudança é repentina, pois  o destino leva tempo a se decidir. É como se tivéssemos um argueiro no olho, que nos impede de vermos o quadro real. A questão é que na imensa maioria das vezes nos perdemos em críticas e ao invés de focarmos na solução dos problemas, nós investimos nossa criatividade nos conflitos..
Esta parábola remete ao dogmatismo, quando acreditamos que o outro diante de nós está interpretando a tudo de uma forma errada. Temos as nossas certezas e acabamos por nos tornar etnocêntricos, acreditando que quem não pensa como nós está errado. Na verdade, é fundamental entender que nenhuma interpretação da vida é desligada da experiência de quem a construiu. Isto se chama relativização, ou seja, é fundamental compreender que  toda interpretação é resultado de uma vivência e no máximo nos cabe, gentilmente, dizer ao outro: não penso como você, para mim, esta questão tem um outro significado. E se valer a pena, se a pessoa for muito importante para você, mostrar como você vê o problema, com delicadeza, sem antagonizar..
Na verdade, a metáfora se refere a um cego guiando outro cego, pois dentro da visão dogmática, o outro para nós simplesmente não existe, não o reconhecemos, nem o respeitamos e nesse compasso se instala a indiferença, tão prejudicial nos relacionamentos. A realidade é que cada um de nós interpreta a tudo de um  jeito próprio, de acordo com a bagagem que se tem e certamente sempre existirão diferenças entre as visões das pessoas. Distintas experiências ajudam a  complementar as maneiras de ver o mundo e delinear juntos uma solução mais inteligente, que enxerga muito mais, por acréscimo da maneira de ver do outro.
A maior diferença entre s pessoa não é tanto de gênero, cor ou orientação sexual, mas sim a forma de pensar, de resolver problemas, de criar soluções. E esta propriedade  da mente pode ser usada em favor da vida em grupo, pois nenhuma solução é isolada ou individual, pois sempre existe mais de uma pessoa envolvida nos contextos.
Na verdade ficar olhando o problema não é a melhor alternativa para encontrar a solução, a experiência tem mostrado que focar no contexto que gerou o problema é parte da  solução. E quando se integram pessoas neste esforço, a solução criativa acontece, porque nada é isolado.
Nas organizações empresariais esta metáfora do argueiro no olho remete ao enfraquecimento  do profissional, do administrador, do gestor, porque pessoas e soluções se perdem na ilusão de que só existe uma forma de resolver os problemas. Na verdade as pessoas pensam diferente  umas das outras e esta é a riqueza do mundo, a mente é social e colaborativa, de uma complexidade e simplicidade indescritível.

Em nível pessoal, as pessoas se perdem porque ficam olhando os defeitos dos outros e isto se for realizado por muito tempo, acaba por gerar um entorpecimento mental, que não traz a tão sonhada capacidade criativa para resolver problemas e impede a pessoa de enxergar os novos caminhos, as soluções inteligentes, que já estão ali, mas estão embaçadas pela visão individualista.

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