Vincent de Gaulejac é Sociólogo e nasceu em 1946 na França, na cidade de Croissy-sur-Seine. É professor de sociologia na Universidade de Paris 7.
Segundo Vincent de Gaulejac, a gestão não é em si mesma uma patologia. A metáfora da doença é um artifício para descrever diferentes sintomas que decorrem diretamente do modo pelo qual a gestão apresenta problemas e soluções que ela preconiza para os resolver. Visto por este ângulo, o gestor precisa mudar seus métodos e técnicas para alinhar-se a uma gestão democrática, ou seja uma gestão humana dos recursos.
Ele preconiza que se deve reinscrever a gestão em uma preocupação antropológica, uma gestão humana dos recursos, mais que uma gestão dos recursos humanos. Gaulejac afirma que a crise que nos confronta não é uma crise econômica, pois as sociedades geram riquezas, o que há é que a economia não é concebida para se colocar à serviço do bem comum.
Ele aborda de forma clara o antagonismo entre capital e trabalho e suas formas de gestão, e cita Cornelius Castoriadis que fala de duas significações imaginárias sociais opostas, que animam o Ocidente moderno: "O projeto de autonomia individual e coletiva, ou seja a luta pela emancipação do ser humano, tanto intelectual quanto espiritual, e o projeto capitalista demencial, de expansão ilimitada, que deixou de se referir apenas às forças produtivas da economia, para se tornar um projeto global, de um domínio social, biológico, psíquico e cultural.
É fato, segundo Gaulejac, que uma centena de multinacionais controla direta ou indiretamente mais de 50% da produção econômica mundial e em função destes dados estamos no direito de nos inquietarmos com estes números. Cabe então perguntarmos: Quem controla as empresas multinacionais? Sabemos que há um desequilíbrio entre capital e trabalho que vem se acentuando cada vez mais, e este é um fato global. Dentro destas perpectivas podemos afirmar que o desequilíbrio entre as relações de capital e trabalho é consequência da ausência de controle democrático sobre o desenvolvimento destas relações.
Mas como reabilitar a ação política que construirá um mundo comum, com formas de gestão mais humanas que levem em conta, onde estiver sendo exercida, o respeito ao meio ambiente, as solidariedades sociais e as aspirações mais profundas do ser humano?
Para responder, voltamos ao conceito de gestão como um sistema de organização de poder, capaz, em todas as empresas, organizações, instituições, de uma ação política que conceba a exploração dos recursos, pelo modo da conservação e renovação dos recursos naturais. Uma gestão a partir da qual, cada ser humano no mundo possa ter um lugar como cidadão, como sujeito e como ator. Uma gestão concebida e implementada de modo a construir um mundo que estaríamos orgulhosos de transmitir aos nossos filhos.
GAULEJAC, Vincent, Gestão como doença social, S.P: Idéias e letras, 2007