terça-feira, 12 de junho de 2012

O Mundo Felizmente Perdido

A verdade, se ela existe, ver-se-á que só consiste na procura da verdade. Porque a vida é só metade (Fernando Pessoa).


Estas palavras de Fernando Pessoa destoam da metáfora contida no Mito da Caverna, de Platão. A Alegoria da caverna é parte do livro “A República” onde Platão discute sobre teoria do conhecimento,  na formação do Estado ideal.O filósofo ponderava que a Verdade poderia ser encontrada por aquele que  ousasse sair da caverna. 


Hoje, no século XXI, século da Pós-modernidade, sabemos que estamos lidando com uma era de incertezas, na qual   não podemos contar com a busca da Verdade para encontramos as saídas pra os desafios que se apresentam: desemprego, pobreza, alienação, consumismo...A verdade não existe e nem podemos construi-la, pois as peças do quebra-cabeça estão espalhadas aqui, ali e acolá, num tempo intemporal.


Richard Rorty fala do mundo felizmente perdido e retrata a perda do mundo fundado na metáfora platônica da caverna, onde não há mais a certeza e a confiança na representação exata da realidade. 


Hoje, na Pós-modernidade, estamos pisando nos cacos dos escombros das grandes narrativas, que não mais nos envolvem: Globalização, Trabalho, Nação, Individualidade. Os novos paradigmas apregoam a importância de se construir um novo individualismo. O Mundo Pós-moderno nos apresenta o desafio de reinterpretarmos os nossos conceitos,  de Eu, família, Comunidade, Estado, Trabalho. Será possível, em meio a tudo isto criarmos de forma conjunta uma nova Hermenêutica? Construirmos uma narrativa aberta que como um símbolo se abra a novas significações, a novas interpretações, que deflagre novas percepções? De forma progressiva? Com a participação de todos, incluindo-se aí as gerações futuras?


Se a verdade não existe, o Eu se desvanece em suas crenças, o mundo que foi forjado perde-se e o conceito  do "EU e o OUTRO"  tem que ser repensado. Pode ser um bom augúrio na gênese de uma teoria do conhecimento,  que nos comprometa a todos com a formação de um Estado ideal, com uma nova heterogênese do individualismo, onde o Eu e o Outro sejam concebidos de forma federativa.