quinta-feira, 28 de junho de 2012

Caminante no hay camino, camino se hace al andar



Nesta etapa do capitalismo, o paradigma que sustenta a pós-modernidade fala em destino individual, convida o ser humano a ser empreendedor de si mesmo, a ser competitivo, a buscar desenvolver suas habilidades de acordo com as tecnologias do Mercado. Ele não convida a desenvolver suas capacidades e habilidades morais. A orientação é  tecer uma Rede de contatos e se integrar a ela. Mas tudo muito superficial, pois o destino é individual.

Há  uma discrepância nisto tudo, pois a mente é social – não há destino individual. Não é verdade. No entanto o Capitalismo avançado precisa de novos emblemas e não quer perder. E o que ele diz é o seguinte:

“Olha, é você quem não consegue se empregar, sabe porque? Porque não é competitivo; porque não aprendeu a tecnologia XYZ; porque não fala 3 línguas. A culpa é sua, de estar se excluindo deste Mercado. Seja competitivo, desenvolva as suas capacidades intelectuais;crie a sua Rede de contatos;  aprenda as novas ferramentas. Torne-se um empreendedor de si mesmo”

Tem alguma coisa errada nesse discurso: primeiro ele quer ser hegemônico; segundo não considera a biologia da mente, pois somos animais sociais e o nosso aprendizado é colaborativo - nosso destino é coletivo, o que convoca a uma moral voltada para o humanismo, a solidariedade, o respeito mútuo e vida conjunta.

Precisamos nos desenvolver intelectualmente, dominar sim as tecnologias do nosso tempo, mas durante todo o processo de apropriação tecnológica,  precisamos repensar qual é o nosso papel  nesse tipo de  sociedade e não podemos fazer isso como simples usuários; temos que ir além  e nos projetarmos como sujeitos que se apropriam do seu tempo  para produzir novas significações, um novo roteiro, um compasso novo, que nos seja próprio – criado na inter-subjetividade. Qual o caminho que devemos seguir então? Como desenvolver as máximas habilidades e competências éticas e morais – junto com as habilidades técnicas?

Parafraseando Edgar Morin[1], digo que o que constitui a caminhada são os ciclos de travessia dispersão/concentração e o que traça o caminho é a caminhada: “Caminante no hay camino, camino se hace  al andar” [2] .


[1] Edgar Morin, Meus demônios, Bertrand Russel, página 187,  2010
[2] Antônio Machado