sábado, 23 de junho de 2012

As dores de Géia no parto do Humano e do Rei


Do alto de Sião em mim mesmo,
Lá onde as escadas permanecem vivas,
Eu vejo a vida surgindo, A Noiva...
A procurada...
Cidade-luz conforme prometida,
Pronta para ser colhida e pronta para ser amada,
Sem fronteiras,sem barreiras,
UNA, verdadeira,
Mente Perfeita!

E no mistério da comunicação dos idiomas,
Um anjo se aproxima e enuncia o tempo oportuno,
Mas o gesto ainda se perde no eco do silêncio dos corações mudos.

Então eu olho, perscruto, rebusco e me assusto,
E pressinto chegar a derradeira hora:
Corro ao centro da luz e caio ao chão, presa às correntes,
E beijo o pó da minha terra,
E meus pés se enlaçam no aqui e agora,
Em meio ao letárgico sono, à fome e à miséria,
Em meio à guerra
Em meio ao profundo caos em que jaz meu  coração em meio às gentes..

Então eu subo, ali onde as escadas permanecem vivas,
E verdadeiras,
Ao alto de Sião, monte em mim mesmo.

E do mais profundo abismo de minh´alma permanente,
Eu choro a vida e a morte que mistura os bons e os maus
Na seiva-luz desta única videira.
Ali onde o anjo em sua carruagem –
Merkabah dourada que reluz,
Anuncia o nascimento do Messias em meio ao caos,
E cruza o céu – a Merkabah – de oriente a ocidente,
Confirmando o acordo permanente em miríades de luz!

E entre um vazio vago na alma e a plenitude do SER total,
Nas dobras da verdade, eu percebo este reino abissal.
E me pergunto e me confundo:
D'us mora aqui neste mundo?

Então eu acordo do sono letárgico, que traga,
Esgota e embrutece
E surjo Alma plena e verdadeira, a Esposa
Amada e procurada,
A Malkhut, a Noiva,
E visto o manto nupcial que a vida com mãos ocultas ainda tece.

D'us mora aqui? Pergunto às três Moiras de dentro de mim:
A violência, a fome, a miséria sem fim.
E as guerras dizem que não. Os Horrores!
Mas o amor, a esperança, o sol e as flores,
A cachoeira, o oceano, a terra, o Sol e a Lua
Dizem que sim,
De dento de mim!

Eu olho a tudo num silêncio mudo,
E engulo num sopro a Vida: o bom e o mau,
E gesto no meu ventre novamente Tudo!

E num grito de dor, ressurjo do nada,
Refazendo o acordo.
Ergo a pedra e confirmo a Noiva,
Que dia após dia vai parindo um  Novo Humano.
Na dor, na chaga antiga,
Refazendo atomicamente a velha alma ferida,
Tornando Rei  a  parte  humana,  mais divina,  deste povo!

                                                                    (Regina Moraes)