O mito da caverna de Platão nos traz a metáfora sobre a verdade,
ou seja o mito afirma que vemos por sombras e que se quisermos conhecer a
verdade, teremos que sair da caverna e buscar a luz, ou seja usar a
consciência, para enxergar em toda plenitude.
No entanto a própria consciência é parte de um esquema cultural que nos é ensinado desde o nascimento. A tal ponto que Pierre Lévy (Tecnologias da Inteligência, Editora 34, 1998, p. 135) chega a afirmar que:
"Do ponto de vista de uma ciência da mente, a consciência e tudo
aquilo diretamente relacionado a ela representam apenas um aspecto menor do
pensamento inteligente. A consciência é simplesmente uma das interfaces
importantes entre o organismo e seu meio ambiente, operando em uma escala
(média) de observação possível, que não é, necessariamente, a mais importante
para abordar os problemas de cognição".
A diferença entre conhecimento e cognição pode ser a chave para
este momento. Conhecimento é o que você sabe e cognição é o sentido, a direção
que dá ao que sabe.
Visto por este ângulo, de nada adianta tentarmos desenvolver a consciência para encontrarmos a verdade. A verdade não existe e a consciência opera em uma escala média de observação. Teremos que aprender a relativizar, ou seja aceitar novos ângulos de visão, convivendo de uma forma mais amistosa com o próximo. Teremos de nos preocupar em adquirir conhecimento, mas - fundamentalmente - teremos de aprender a dar sentido ao que estamos aprendendo - direção ao que sabemos - e isto exigirá que compartilhemos nossas certezas, pois sentido, direção e caminho são construidos de forma participativa.