quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O fim do Mito da Caverna - Parte I


O mito da caverna de Platão nos traz a metáfora sobre a verdade, ou seja o mito afirma que vemos por sombras e que se quisermos conhecer a verdade, teremos que sair da caverna e buscar a luz, ou seja usar a consciência, para enxergar em toda plenitude.

No entanto a própria consciência é parte de um esquema cultural que nos é ensinado desde o nascimento. A tal ponto que Pierre Lévy (Tecnologias da Inteligência, Editora 34, 1998, p. 135) chega a afirmar que:

"Do ponto de vista de uma ciência da mente, a consciência e tudo aquilo diretamente relacionado a ela representam apenas um aspecto menor do pensamento inteligente. A consciência é simplesmente uma das  interfaces importantes entre o organismo e seu meio ambiente, operando em uma escala (média) de observação possível, que não é, necessariamente, a mais importante para abordar os problemas de cognição".

A diferença entre conhecimento e cognição pode ser a chave para este momento. Conhecimento é o que você sabe e cognição é o sentido, a direção que dá ao que sabe. 

Visto por este ângulo, de nada adianta tentarmos desenvolver a consciência para encontrarmos a verdade. A verdade não existe e a consciência opera em uma escala média de observação. Teremos que aprender a relativizar, ou seja aceitar novos ângulos de visão, convivendo de uma forma mais amistosa com o próximo. Teremos de nos preocupar em adquirir conhecimento, mas - fundamentalmente - teremos de aprender a dar sentido ao que estamos aprendendo - direção ao que sabemos -  e isto exigirá que compartilhemos nossas certezas, pois sentido, direção e caminho são construidos de forma participativa.




domingo, 23 de dezembro de 2012

A complexidade do ser - uma releitura de Carl Gustav Jung

Jung com muita delicadeza afirmou que nascemos originais e morremos cópias. Olhando por este ângulo podemos dizer que somos  realmente tábulas rasas e que a sociabilidade vai colorindo a vida em nós. Perfeita esta afirmação de Jung, pois somos seres sociais e aprendemos uns com os outros, um aprendizado colaborativo que nos torna cópias recíprocas. Temos mais dos outros do que gostaríamos de ter, a ponto de William Reich dizer que "João quando fala de José fala mais de João do que de José".

Seguindo esta pista e ampliando o foco de visão, é bom trazer Edgar Morin, que diz que o contrário de uma verdade é outra verdade tão profunda quanto a primeira. Assim, por outro lado,  se observarmos o "ser" pelo ângulo do inatismo podemos afirmar que nascemos cópias e morremos originais.

Segundo o inatismo, há uma herança de talentos, capacidades, habilidades, que foram tecidas na sociabilidade das gerações e nos foram transmitidas na herança biológica e espiritual, fazendo-nos - desde o nascimento - cópias uns dos outros - numa transação que vai ao mil avô. É a nossa existência - num exercício de autoconhecimento - que nos dará  a oportunidade de nos tornarmos originais, se conseguirmos ir além da cultura e neste exercício, conseguirmos dar o  salto às estrelas.