sábado, 22 de junho de 2013

Walter Benjamin: Erfahrung e Erlebnis - Mídia social, experiência Coletiva e experiência isolada

A experiência individual (Erlebnis) que se representa na mídia social mostra o artesanato na arte da construção da experiência coletiva (Erfahrung). e o surgimento de uma nova narrativa - vida conjunta que se tece numa história comum a muitos.

Walter Benjamin  conceitua narrativa como um relato comum ao narrador e ao ouvinte, uma comunidade de vida e palavra, que segundo Benjamin destruiu-se com o Capitalismo, causando a perda da experiência coletiva.

Esta comunidade entre vida e palavra funda-se na atividade artesanal. Quando esse fluxo da narrativa coletiva, da vivência conjunta se esgota, quando cada um constrói a informação de forma isolada, olhando para a sua própria experiência, restringido à sua própria bagagem,  "o indivíduo isolado e desorientado encontra o seu duplo no herói solitário do romance".

Walter Benjamin estabelece um laço importante entre o fracasso da Erfahrung (experiência coletiva), e o fim da arte de narrar - que defino como o artesanato da informação, o que envolve laços  entre o indivíduo e sua comunidade.

Benjamin destaca o jornal como hoje ocupando este espaço informacional, em detrimento da construção da informação  pelo individuo. No entanto, a partir da arte da aprendizagem conjunta entre indivíduos e a comunidade que os acolhe - o artesanato informacional como "uma semente, carrega suas forças germinativas" e faz surgir com o tempo, "uma nova organização social comunitária".

A  mídia social como espaço público  se define também como um local para  tecer a informação de forma coletiva, evidenciando a possibilidade da construção artesanal da informação, levando progressivamente à construção de novas narrativas - vida e palavra - que enlaçam distintas Erlebnis (experiências individuais) e progressivamente destacam a Erfahrung (experiência coletiva) de Walter Benjamin.




terça-feira, 18 de junho de 2013

O espaço público na Rede Social: Uma nova ordem ética e política

         O espaço público na Rede Social é um modelo de tecnologia-informação-comunicação, criado na interação social entre indivíduos e dinamizado na conexão entre computadores, onde a as pessoas constróem a informação, de forma participativa, ampliando experiências, idéias. Não há uma cepa predadora na Rede, não há uma liderança, pois a rede  não tem um centro.

         Esta conexão entre pessoas, como um serviço público, propicia o diálogo, e estimula a busca participativa de uma solução particular para um problema. 
Está em curso uma nova ordem ética e política que destaca todo indivíduo, como um nó na Rede, conectando-se com outras pessoas, numa comunicação computador a computador, empreendendo um novo processo ético, que considera a história de cada um, e os insere no campo da linguagem.

“A linguagem da qual se trata aqui, repitamos, não é o objeto que os lingüistas estudam, nem algum veículo neutro próprio para transmitir as  mensagens eficazmente.  Uma linguagem é a condição de possibilidade de um mundo, desdobra o campo de significado donde surgem os eventos, estende a grande placa imaginária sobre a qual os fatos se desenrolam e encadeiam.
 "Notem vocês que se eu tivesse dito: a linguagem é nosso instrumento de comunicação, teria colocado  a linguagem no corpo, como instrumento através do qual manejamos símbolos na comunicação. Reconheço também que a linguagem não se dá no corpo, mas sim no fluir em coordenações consensuais de conduta” (Maturana).

   
          A linguagem que permeia a democracia representativa está no corpo, mas a que representa o anseio por uma democracia participativa está no fluir da linguagem que interliga ponto a ponto as pessoas, de forma ubíqua.  Há, como na vida, um sentido teleológico na Rede, que de ponto a ponto incorpora novas variáveis, novas idéias, novas concepções de vida, fazendo surgir a linguagem resultante da idéia coletiva, e que se auto-coordena  de forma consensual. Há na Rede social uma auto-gestão que evidencia cada nó e que merece ser estudada cientificamente, pois não há um líder, uma vez que a liderança, de forma ubíqua, está na Rede. 


         Que partido está habilitado para esta representação? Que gestores? A coisa pública está em jogo. Há a exigência de uma nova ética e política no governo das coisas.


 MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Minas Gerais : Editora UFMG, 1998. 98 p (coleção Humanitas). 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Aristóteles, Platão e Hegel - O exercício das funções públicas

De acordo com Platão e Aristóteles (em torno do século IV a.C.), o ideal de política deveria partir de um modelo de governante ideal para o exercício de suas funções públicas, uma política prescritiva por indicar caminhos para distinguir entre o bom governo e a política corrompida. 

Decorre daí uma estreita ligação entre Ética e Política.

No entanto...a ordem democrática grega foi destruída na Guerra do Peloponeso, e Atenas foi derrotada.

As vaias recebidas antes do jogo pela Presidenta Dilma  nada mais são que consequência de todo um processo anterior, cuja tendência já deixava antever as consequências."Não é no seu fim que a coisa se esgota, mas em sua execução. O resultado nu é o cadáver que a tendência deixou atrás de si." (Hegel)

Realmente as vaias são um signo que representam a gota d'água. As vaias são um resultado - um cadáver - que a tendência deixa atrás de si. 

A tendência pode ser prevista e contida? Como todo processo histórico depende  de variáveis que não são isoladas, pelo contrário, se interpenetram e criam novas variáveis, formando  "um construto cognitivo" difícil de medir a trajetória!