"Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira torna-se acontecimento, e a personalidade, por seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade.
A fim de descrever esse desenvolvimento, tal como se processou em mim, não posso servir-me da linguagem científica; não posso experimentar-me como um problema científico". (Carl Gustav Jung).
Carl Gustav Jung uniu em sua obra dois aspectos - religião e ciência e dizia: "Lá estava o campo comum da experiência dos dados biológicos e dados espirituais, que até então eu buscara inutilmente. Tratava-se, enfim, do lugar em que o encontro da natureza e do espírito se torna realidade".
Interessou-se por filosofia e por literatura, especialmente pelas obras de Pitágoras, Empédocles, Heráclito, Platão, Kant e Goethe. Estudou em profundidade a alquimia, a magia, o dogma da Trindade. Seus Sete Sermãos aos Mortos é uma obra misteriosa e mágica que se fecha aos céticos, mas se abre a todo aquele ou aquela que busca entender os caminhos do desenvolvimento do espírito.
Outro trabalho importante de Jung na esfera da magia é "O Símbolo da Transformação na missa".
Para perceber a profundidade destes estudos, sublinha-se um de seus trabalhos, o "Psychological Types", onde ele cita os versos místicos de Angelus de Silesius, que refletem uma realidade espiritual que ele próprio buscou mostrar no Sétimo Sermão aos Mortos:
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Sei que sem mim
Deus não pode viver um momento;
Se acaso eu perecesse, Ele não poderia sobreviver.
Sou tão grande quanto Deus,
E Ele tão pequeno quanto eu;
Ele não pode estar acima
Nem eu abaixo dele.
Em mim Deus é fogo
E nele eu sou o seu brilho
A nossa é uma vida em comum......
Separados não podemos crescer.
Deus é o homem Ele é para mim
Os dois, na verdade, eu sou para Ele,
Sua sede eu satisfaço,
Em minha necessidade Ele auxilia.
Deus é como é.
Sou o que devo ser;
Se conheces um, na verdade
A Ele e a mim conheces.
Sou a vinha que ele mais cultiva e acalenta
fruto que de mim cresce É Deus,
O Santo Espírito.
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Esse espírito mágico inspirou Jung em toda sua obra e pode ser sentido em toda a sua profundidade em "Os Sete Sermões aos Mortos". Goethe em O Fausto, também foi tocado por esse espírito:
Nas marés da vida, na tempestade da Ação,
Uma onda flutuante, uma lançadeira desenfreada,
Nascimento e túmulo, um mar eterno,
Uma vida que tece e flui, todo luminosa,
Assim, no tear sussurrante do tempo
É a minha mão que prepara a vestimenta da vida que a Divindade veste!