Voltemos a Platão, que afirma que a razão é natural, significando com
isso que o seu aprimoramento dá-se na sujeição à cultura. Por outro lado, sabemos pela Psicologia que existe - em estado
evolutivo - uma habilidade humana orporal
chamada consciência, que exige do ser
humano a transcendência, a reflexão.
Quando há um encontro evolutivo entre razão e consciência, entre Zoé e
Bios, dá-se o salto transcendental às estrelas, com as raízes de nossa humanidade enterradas na imanência da natureza humana, sujeitada à
cultura.
Á custo conjeturamos o terrestre, com
trabalho encontramos o que está à mão: quem rastreará o que há nos
céus? (SABEDORIA, 16)
Assim, todos estamos envolvidos e o jogo começou faz tempo e
sabemos que temos uma vantagem: Aqui e agora, somos nós que desenhamos as
organizações, as religiões, o desenvolvimento tecnológico, as fronteiras,
as guerras.
Sófocles (496 a.c. - 406 a.c), um
dramaturgo grego, comentava em Antígona:
Todavia, ao se tornar assim senhor de um saber cujos engenhosos recursos
ultrapassam toda esperança, ele pode em seguida tomar o caminho do mal como do
bem. Que o homem inclua, pois, nesse saber, as leis da sua pólis e a justiça
dos deuses, à qual jurou fidelidade! (Sófocles – Antígona – versos 364 a 369)
Fazendo
uma parábola no tempo e deixando Sófocles em seu tempo, aportemos
em 1997, para encontramos Guy Debord em A sociedade do
espetáculo, onde ele apresenta a sociedade como sistemas centrados na
tecnologia, onde o isolamento fundamenta a técnica.
O que liga
os espectadores é apenas uma ligação irreversível com o próprio centro que os
mantém isolados. O espetáculo reúne o separado, mas o reúne como separado” (DEBORD,
1997).
É
lícito acreditar em uma parceria entre o Estado e sociedade civil promovendo de forma
conjunta a uma forma federativa de mundo, onde as organizações – públicas e
privadas - serão celeiros de seres humanos críticos, autônomos, humanos
florescendo e vicejando em cada uma das fronteiras do Planeta.
Neste tipo de organização federativa, homens e mulheres são
finalidade, retomando os sentidos do trabalho, da vida conjunta – em meio a uma
economia mais solidária, mais distributiva – que progressivamente inclua e
traga riqueza a todos.