terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma conversa imaginária entre Edgar Morin, André Gide, Teilhard Chardin, Thomas Bearden e Antonio Machado

A paráfrase  em uma conversa imaginária:


Morin: Sabe..... a ética e a política devem enfrentar a complexidade do mundo entregue a um caos do qual não se sabe se é de agonia  ou de gênese.


Gide: Ora, para enfrentar esta complexidade, há quem gostaria  de melhorar os homens e quem estime que isso poderia  acontecer melhorando antes as condições de vida.  Mas, como uma coisa não anda sem a outra, não se sabe por onde começar.


Chardin: Olha, para ser sincero, o sucesso ou o fracasso derradeiro da humanidade dependem mais das nossas capacidades reflexivas e afetivas do que das nossas reservas econômicas.


Bearden: Vocês não percebem? A agonia final do nascimento do homem  - ou da sua morte - já começou.


A. Machado:  Minha  resposta é minha poesia:


Quando el jilguero no puede cantar
Quando el hombre es peregrino
Quando de nada nos sirve rezar
Caminante, no hay camino
El camino se hace al andar.


domingo, 3 de julho de 2011

A incerteza ética - Edgar Morin

A ecologia da ação indica-nos que toda ação escapa, cada vez mais, à vontade de seu autor, na medida que entra no jogo das inter-retro-ações do meio onde intervém.               

(....) O Fausto de Goethe ilustra o mau resultado de uma boa intenção, e a feliz consequência de uma má intenção.Fausto deseja a felicidade de Margarida, mas tudo o que faz produz infelicidade. Mefisto trabalha pela perdição de Margarida, mas desencadeia a intervenção divina, que a salva.

Daí este primeiro princípio: os efeitos da ação dependem não apenas das intenções do autor, mas também das condições próprias ao meio onde acontece.
Ao considerar o contexto do ato, a ecologia da ação introduz a incerteza e a contradição na ética.

(...) Esse vínculo entre incerteza e ética aparece quando se toma em consideração o ato moral, não isoladamente, mas na sua inserção e nas suas consequências no mundo.


(...) Necessitamos de um conhecimento capaz de levar em consideração as condições da ação e a própria ação, ou seja um conhecimento capaz de contextualizar antes e durante a ação. 


Nada é melhor do que a boa vontade.  Mas ela não basta e pode enganar-se. Um pensamento incorreto, mutilado, mutilador, mesmo com as melhores intenções, pode conduzir a consequências desastrosas. (...) A consideração de toda essa complexidade, a partir dos efeitos perversos ou inesperados do ato, exige trabalhar pelo pensar bem, conforme a expressão de Pascal, ou seja, pensar de maneira complexa.

(Edgar Morin - O Método 6 - Ética)