sexta-feira, 22 de abril de 2022

Certa vez o Rabi Joshua foi convidado para um casamento e levou consigo 6 discípulos

  Certa vez o Rabi Joshua foi convidado para um casamento e levou consigo 6 discípulos. E assim seguiram todos pela estrada, seguiam pelo mesmo caminho, aparentemente com o mesmo passo e a distância até o evento era bem longa.

Seguiam ora falando, ora em silêncio, mas apreciando os locais por onde passavam, a tudo percebendo, como aprenderam com quem aprendeu e lhes ensinou. E observaram neste arco de visão que a paisagem ia mudando e as casas, os belos edifícios, os jardins, os parques, iam dando lugar a um cenário inóspito, vazio de cultura.
Ao chegarem foram recebidos com muita alegria pela família que imediatamente serviu-lhes o único prato: carne de porco com feijão.
Os discípulos agradeceram e nada provaram, mas o Rabi comeu à vontade, naquela casa tão simples, mas carregada de afeto.
Na volta do evento, os discípulos seguiam pela estrada, em silêncio e muito aborrecidos. O Rabi percebendo, quis saber o que os mortificava daquele jeito.
——Rabi sempre ensinaste que não devíamos comer carne de porco, mas hoje o senhor comeu sem o menor cuidado e ainda aceitou repetir.
——Meus queridos alunos, pior do que comer a carne de porco, seria recusar o único regalo que tinham para o casamento e que preparam com tanto amor para seus convidados especiais. Ao invés de ficarmos presos em nossas crenças, talvez o melhor seja olhar o outro e ver os sacrifícios que faz para nos atender a tempo e a hora. Ou então devemos contribuir, trabalhar, compartilhar para que na colaboração e reconhecimento, ele possa fazer como você deseja.
Ninguém está acima de ninguém!

O que a Educação tem a ver com quinta santa?

 Paulo Freire disse que educar é repetir, mas evidente que não é fazer mais do mesmo. É encontrar novas formas de ensinar que falem da mesma lição, de uma forma diferente. É semelhante à última ceia, que traz o novo em seu ventre e fica como experiência na construção progressiva e permanente do ser social.


A última ceia traz em seu corpo espiritual o novo paradigma que se revela como semente, e ressurge no horizonte como nova finalidade.

Na educação cujo símbolo é a última ceia, professores e alunos se desdobram e nascem de novo, com novos valores, novos métodos, numa percepção na qual o ontem e o hoje se mesclam e a inovação surge como princípio. Dói muito este processo, ele é solitário e embora seja feito em conjunto, somos sacrificados e aceitamos o sacrifício porque algo maior ressurge.

Hoje devemos pensar no símbolo da cruz como sacrifício de costumes, formas arcaicas de pensar e educar, devemos deixar para trás as experiências difíceis que teimam em fragilizar nossa vontade e que delicadamente devemos sacrificar.

E assim, de ceia em ceia, ressurgindo, mudando a cada tempo como professora ou professor, deixando par trás roupas antigas, talvez e só talvez, possamos viver a educação como Paulo Freire ensinou, percebendo e implementando os estágios compreensivos de afetividade, nos quais o professor e aluno são colegas, amigos, irmãos.

Uma história de líderes

Era sábado à tarde e estávamos cansados da passagem do ano; estávamos de volta para vivermos novas oportunidades e experiências, e de volta, do percurso longo que havíamos feito, estávamos atravessando as areias escaldantes do deserto. Eu como sempre, grafea do grupo, narrava os fatos no papel, conforme meu olhar sobre a realidade.


O sol brilhava ao chegarmos perto da cidade e de repente o Mestre entrou numa loja de arreios.
—-Tem ilhoses, couro, tinta, cordão de sapato? O dono da loja disse que sim.
O Mestre olhou e disse;
—-Por quê homem, não fazes logo um sapato? Era a segunda vez que o Mestre fazia a mesma pergunta e eu, a grafea, anotei isto.

Acontece que Nantes foi ficando para trás. O Mestre quis saber o que ocorria e Nantes disse que seus sapatos estavam furados e que caminhar nas areias escaldantes estava difícil. Disse que iria depois que o sol baixasse.

Ouvindo e vendo o que se passava, o Mestre sentou-se ao lado de Nantes e trocou os sapatos com ele.

Assim, eis como eu a grafea, escrevi sobre o evento:

O líder vestiu o sapato de Nantes e o grupo não se dispersou, pois todos ficaram aguardando. Isto fez com que não se deixasse ninguém para trás e assim, alcançamos a finalidade do trabalho que fomos fazer e que ao final quase se perdeu, pela falta de recursos de Nantes, que embora seja estranho, não tenha dinheiro para comprar para si um sapato.

Aforisma: Um líder troca muitas vezes de sapatos com sua equipe .

(Regina Moraes)

Na América, brancos, negros e indígenas somos descendentes dos vencidos.

Paulo Freire dizia que “ensinar é pesquisar”. E continuando nesta linha de pensamento freireano é possível inferir que pesquisar é entender que o conhecimento é mutilado, parcial e contraditório e que existem muitas partes e que nenhuma metodologia, método, técnica, tecnologia, plataformas, currículos devem ser vistos de forma absoluta. Devemos estudar, pesquisar sempre tudo o que aparece no radar, pois precisamos de lucidez crítica uma vez que nossas habilidades são sempre parciais. Não devemos ser absolutistas em nada!

Deixemos aos reis e padres Renascentistas o aforisma do Absolutismo, que nos impingiu a história europeia dos vencedores, mas nós na América, brancos, negros e indígenas somos descendentes dos vencidos.

Nós professores e professoras temos que pesquisar muito, todo dia, toda aula, pois cada sala presencial ou remota pode ser vista com novos sentidos a cada dia.
Se não atravessamos o mesmo rio duas vezes, é porque certamente mudamos todos os dias. Como então querer um Currículo fechado, padronizado? Único?

Paulo Freire dizia que em cada aula entrava com apenas 50% do Currículo, por ele visto e estudado de forma integral e que os outros 50% ele descobria junto com os alunos, como abordar e alcançar os resultados do conhecimento planejado. Por este motivo foi tão importante a formulação de ensinar é pesquisar.

Parafraseando Adorno, da Escola de Frankfurt, é preciso nos exilarmos da prática geral, buscarmos uma dialética negativa para exercitar o pensamento que a práxis revolucionária - educacional e pedagógica - necessita. Nenhum conhecimento deve ser visto de forma absoluta, única.

Obs: o trecho abaixo é de Bauman.


 

O Direito em tempos difíceis

 O Direito está mergulhado no oceano da moral, mas pode-se dizer que nem todos os valores sociais, todas as regras existentes no campo da moral estarão representadas no campo do Direito, somente uma parte será representada, oriunda dos valores da cultura vencedora.


E estes valores que são orientadores no campo da moral, nos falam de misoginia, racismo, capacitismo, muito preconceito.

O Direito como instituição capta as regras agasalhadas nestes valores oriundos do campo da moral - e cria as leis, atendendo aos ditames daqueles que representam a sociedade vigente -. Só assim podemos entender as palavras do eminente Ministro Luís Roberto Barroso em seu livro Sem Data Vênia: “se os homens engravidassem o aborto já não seria crime há muito tempo”.

E não são só as leis que retratam esta cultura, há uma microfísica do poder que se revela no dia a dia da instituição do Direito.

Tempos difíceis estes!

Happy Passover?

A verdade meu amigo não se espante,

É uma obra de Ariadne, em tênue fio.

Toda Vida, todo tudo neste mundo
Está coeso, num mistério tão profundo,
Que entender este desenho é um desafio.

Quem tece o fio de Ariadne que se esconde,
E serpenteia para além de nem sei onde?

Se o que eu faço ou não faço, é uma engrenagem,
Que arrasta a consciência em torvelinho,
Quem cria a tudo num roteiro mais profundo,
Que a tudo une, em aparente desalinho?

Transmutar a engrenagem com ciência,
É perceber que entre o caos e a coerência,
A vida cria nossa vida deste fio.
Então vale a pena caminhar com mais cuidado,
Ao conceber um novo filme desta história.
E que os anjos nos concedam tal vitória!

E um dia....
Frente a frente à Grande Luz,
Guardadora dos portais do paraíso,
Cada um vai contar a sua história,
Computar aprendido e ensinado
E retornar, apagando da memória,
Retrocedendo os dez graus já declinados!
(Regina Moraes - Páscoa)

Cientista e espiritualista


Navego por e entre dois mares
E no longo percurso do caminho
Fui me desdobrando,
Me desfazendo e recompondo
Não sou quem fui
Nao sou só quem sou
Centenas de eu’s
Profundos ou rasos
Me tornam inteira
E em cada soleira,
Em cada beira,
Desdobro de novo.
Sigo o conselho de Adélia,
Sou desdobrável!
Tal qual Clarissa,
pouco amável.

E nas beiras e cantos, encontro pedaços
Meus, seus e de outros, Histórias!
Pura antropofagia!
E me componho em uma nova sinfonia.
Que ironia!