terça-feira, 12 de março de 2013

Hierarquias naturais e liberdade : Uma interpretação filosófica das teorias de Rousseau para o mercado em rede com sustentabilidade



"O homem nasce livre e por toda parte está acorrentado" (Jean Jacques Rousseau - 1712 - 1778)

O Mercado – símbolo da economia neo-liberal - é uma criação virtual e na verdade existem vários mercados constelados a partir de uma empresa, que com a pós-modernidade abandona o conceito natural e antigo de hierarquia para abraçar o conceito de hierarquias planas, em Rede com outras empresas, consteladas ao seu redor. São clientes, fornecedores, terceiros, quarterizados, parceiros, o governo etc. Stakeholders unidos em Rede, tendo que viver de forma auto-gestionária, fazendo jus à liberdade, que deveria  ser o elemento fundante da Rede, conectando, (elos de uma corrente)  todos  à ética, à moral, às leis e às normas. Mas não é isto que acontece.
Muitos são os exemplos da falta de conexão com a ética, como os da Apple (1), parceria da Foxconn na China, onde os operários estão se suicidando, devido a trabalho escravo, ou exemplo como o da Zara (2) que terceirizou sua confecção para uma micro-empresa em São Paulo, que recebeu em 2011 24 autos de infração, por promover trabalho escravo. Na verdade estas empresas querem uma liberdade do estado natural, o que não é possível, pois esta liberdade não condiz com o status de uma sociedade civil.
Ao sair do estado de natureza e ir viver em sociedade, o ser humano não é mais livre. Rousseau tem razão, a sociabilidade exige a organização em sociedade civil, pois onde começa o direito de um, termina o direto do outro. Estamos acorrentados por todos os lados e temos que nos mover considerando o bem comum. Na organização em Rede – com sustentabilidade - vão se desenvolvendo níveis de relacionamento  de maior complexidade e de maior conectividade. A vida em Rede exige uma restrição na liberdade individual, para que surja o bem comum e a  cidadania seja plena.

O conceito "só é bom para mim se for bom  para  todos" simboliza o bem comum, é resultado do exercício da Cidadania e simboliza uma liberdade baseada em regras, leis, normas, ética e moral. Mas hoje com o individualismo, o egoísmo, a falta de ética, será que estamos voltando ao estado de natureza? Que exige uma liberdade total? Sem restrições? Sem respeito ao próximo? Sem preocupação com o bem comum? Com uma  ética instrumental? A serviço de uma economia desligada do meio ambiente e da sociedade?

Cabe a cada um, às empresas  e à sociedade em geral escolher o caminho que deseja seguir: o caminho do estado da natureza, com liberdade total e irrestrita ou o caminho da cidadania, que nos acorrenta a normas, a leis, à ética do bem comum e à  moral do grupo.

(1) http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/noticias/executivos-declaram-que-apple-sabe-do-trabalho-escravo-nas-fabricas-da-foxconn
(2) http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1954028

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