terça-feira, 30 de outubro de 2012

Hegel - Entre Resultados e Processos

Hegel dizia que avaliar o processo é tão importante quanto avaliar o resultado, pois resultados são cadáveres que o processo em suas várias trajetórias deixa para trás. No resultado você olha para uma variável que restou ali imóvel em sua in-completude. Mas quando você observa o processo que fez chegar aquele resultado você inclui mais variáveis, mais responsabilidades.

Digo isso ao refletir - no campo ético – sobre o que aconteceu na Rocinha envolvendo abuso de menores. Se olharmos o resultado, condenaremos os pais, as mães, o cabeleireiro e até as meninas. Mas olhando o processo teremos que avaliar as práticas do governo e da sociedade como um todo, e neste ponto nenhum de nós pode deixar de ser chamado para falar de sua contribuição nesse quadro.

Uns dirão, não tenho nada com isso, estes – certamente - abandonaram o barco há muito tempo – este que ficou à deriva. Outros ainda dirão: O que eu poderia ter feito? E o certo é que a esfinge continua esperando de cada um uma resposta e o tempo está passando e temos que juntos descobrir o enigma.


Digo tal qual Saramago:
“O destino, isso a que damos o nome de destino, como todas as coisas deste mundo, não conhece a linha reta. O nosso grande engano - devido ao costume que temos de tudo explicar retrospectivamente – é pensar no destino como uma flecha apontada diretamente a um alvo que, por assim dizer, a estivesse esperando desde o princípio, sem se mover. Ora, pelo contrário, o destino hesita muitíssimo, tem dúvidas, leva tempo a decidir-se”

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