domingo, 24 de março de 2013

PENSAR - Uma ética para o século XXI (Platão - Epicuro - Anaxágoras - Sócrates - Aristoteles)

O que a Ética e a moral em Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.) , Epicuro de Samos (341 a.C - 270 a.C)., Platão de Atenas (428/27 a.C. - 347 a.C), Anaxágoras de Clazômenas (500 a.C. - 428 a.C) e Aristóteles de Atenas (444 a.C. — 365 a.C.).nos ensinam em termos de um viver ético hoje, no século XXI? 

Bom...Sócrates estimulava os seus alunos  a pensarem e ensinava através do diálogo que se estabelecia entre todos, a importância do conceito ao racionalizarmos a vida. Ou seja se as bases do pensamento são frágeis, nossa forma de ver o mundo deve ser questionada.

Ou seja, Sócrates ensinava a pensar, dialogar e socializar o conhecimento individual, ensinava a conceituar, e a partir dos novos conceitos estimulava os alunos a fazerem uma revisão do seu quadro mental e por fim, com seu método - a maiêutica ( que significa parto) -  levava a todos a operacionalizarem a vida de um jeito diferente.

Platão que escreveu "A República" dizia que no plano ético, o homem bom é o bom cidadão. Ou seja é o que tem seu pertencimento na cidade.

Epicuro, afirmava que no plano ético o ser humano deve seguir alguns princípios, dentre eles ter "uma vida bem analisada".  Este princípio de Epicuro complementa a maiêutica de Sócrates.

Anaxágoras de Clazômenas foi um filósofo pré-socrático, que fundou a primeira escola filosófica de Atenas e  contribuiu para a expansão do pensamento filosófico e científico.

Por outro lado, Aristóteles em sua Ética a Nicômaco, ensinava a importância de um viver ético ao seu filho, Nicômaco. É bom lembrar que a família é o embrião do Estado e a ética em família é a protoforma da ética em sociedade.

Por estes motivos, estes filósofos se complementam.

Criei o anagrama PENSAR usando letras dos nomes destes filósofos, como emblema ético no século XXI.

  • Vivência conjunta com cidadania (Platão); 
  • Uma vida bem analisada (Epicuro); 
  • Expansão progressiva do pensamento (ANaxágoras)
  • Reflexão e análise sobre a forma própria de pensar (Sócrates);  
  • Étca como virtude, com o sentido da excelência de cada ação, de fazer bem feito, cada pequeno ato conta. (ARistóteles).   




terça-feira, 12 de março de 2013

Hierarquias naturais e liberdade : Uma interpretação filosófica das teorias de Rousseau para o mercado em rede com sustentabilidade



"O homem nasce livre e por toda parte está acorrentado" (Jean Jacques Rousseau - 1712 - 1778)

O Mercado – símbolo da economia neo-liberal - é uma criação virtual e na verdade existem vários mercados constelados a partir de uma empresa, que com a pós-modernidade abandona o conceito natural e antigo de hierarquia para abraçar o conceito de hierarquias planas, em Rede com outras empresas, consteladas ao seu redor. São clientes, fornecedores, terceiros, quarterizados, parceiros, o governo etc. Stakeholders unidos em Rede, tendo que viver de forma auto-gestionária, fazendo jus à liberdade, que deveria  ser o elemento fundante da Rede, conectando, (elos de uma corrente)  todos  à ética, à moral, às leis e às normas. Mas não é isto que acontece.
Muitos são os exemplos da falta de conexão com a ética, como os da Apple (1), parceria da Foxconn na China, onde os operários estão se suicidando, devido a trabalho escravo, ou exemplo como o da Zara (2) que terceirizou sua confecção para uma micro-empresa em São Paulo, que recebeu em 2011 24 autos de infração, por promover trabalho escravo. Na verdade estas empresas querem uma liberdade do estado natural, o que não é possível, pois esta liberdade não condiz com o status de uma sociedade civil.
Ao sair do estado de natureza e ir viver em sociedade, o ser humano não é mais livre. Rousseau tem razão, a sociabilidade exige a organização em sociedade civil, pois onde começa o direito de um, termina o direto do outro. Estamos acorrentados por todos os lados e temos que nos mover considerando o bem comum. Na organização em Rede – com sustentabilidade - vão se desenvolvendo níveis de relacionamento  de maior complexidade e de maior conectividade. A vida em Rede exige uma restrição na liberdade individual, para que surja o bem comum e a  cidadania seja plena.

O conceito "só é bom para mim se for bom  para  todos" simboliza o bem comum, é resultado do exercício da Cidadania e simboliza uma liberdade baseada em regras, leis, normas, ética e moral. Mas hoje com o individualismo, o egoísmo, a falta de ética, será que estamos voltando ao estado de natureza? Que exige uma liberdade total? Sem restrições? Sem respeito ao próximo? Sem preocupação com o bem comum? Com uma  ética instrumental? A serviço de uma economia desligada do meio ambiente e da sociedade?

Cabe a cada um, às empresas  e à sociedade em geral escolher o caminho que deseja seguir: o caminho do estado da natureza, com liberdade total e irrestrita ou o caminho da cidadania, que nos acorrenta a normas, a leis, à ética do bem comum e à  moral do grupo.

(1) http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/noticias/executivos-declaram-que-apple-sabe-do-trabalho-escravo-nas-fabricas-da-foxconn
(2) http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1954028

domingo, 10 de março de 2013

Rousseau e a Liberdade

"O homem nasce livre e por toda parte está acorrentado" (Jean Jacques Rousseau - 1712 - 1778)

Ao sair do estado de natureza e ir viver em sociedade, o ser humano não é mais livre. Rousseau tem razão, a sociabilidade exige a organização em sociedade civil, pois onde começa o direito de um, termina o direto do outro. Na organização em sociedade, vão se desenvolvendo níveis de relacionamento  de maior complexidade. A vida em sociedade exige uma restrição na liberdade individual, para que surja o bem comum e a  cidadania.

O conceito "só é bom para mim se for bom  para  todos" simboliza o bem comum, é resultado do exercício da Cidadania e simboliza uma liberdade baseada em regras, leis, normas, ética e moral.

Hoje com o individualismo, o egoísmo, a falta de ética, será que estamos voltando ao estado de natureza? Que exige uma liberdade total? Sem restrições? Sem respeito ao próximo? Sem preocupação com o bem comum? Sem ética?

Cabe a cada um e a sociedade em geral escolher o caminho que deseja seguir: o caminho do estado da natureza, com liberdade total e irrestrita ou o caminho da cidadania, que nos acorrenta a normas, a leis, à ética do bem comum e à  moral do grupo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

É possível chegar ao conhecimento verdadeiro? A verdade existe? Duas correntes discutem esta questão:Ceticismo e dogmatismo

Quantas vezes na vida nos questionamos sobre o que fazer? Ou então nos perguntamos: por que eu? O que foi que eu fiz? O que devo mudar na minha vida? Todas estas perguntas estão relacionadas com o conhecimento que temos, com a forma de aprender que usamos, enfim todas estas questões estão relacionadas com a nossa bagagem, com a nossa forma de ver o mundo.

A verdade é que somos de um jeito. Podemos mudar? o que é preciso? Como fazer isto? Desde a Antiguidade grega que os que amam a sabedoria buscam respostas para estas e outras questões filosóficas.

O que é e como se dá o conhecimento na mente da pessoa? É possível um conhecimento verdadeiro? É possível conhecer a verdade? Estas são as questões que fundamentam a Teoria do Conhecimento ou Epistemologia, que é uma disciplina filosófica. Cada teoria que busca estudar o conhecimento constitui uma reflexão filosófica que busca investigar o que é e como se dá o conhecimento.

Dentro deste contexto duas correntes filosóficas destacam-se: Ceticismo e Dogmatismo

Para iniciar nossa viagem por estes domínios, convém lembrar Richard Rorty que afirma que  "conhecer é representar cuidadosamente o que é exterior à mente". Para conhecer então precisamos de um lado de nossa consciência - ou seja de um sujeito -  e de outro lado da realidade - o objeto. O conhecimento se dá quando a pessoa consegue apreender o objeto e representá-lo mentalmente. Dependendo da corrente filosófica, será dada mais ênfase ao sujeito - caso do Idealismo - ou ao objeto - Realismo ou Materialismo.

No caso da corrente filosófica "Idealismo", os objetos são construídos na mente -são  representados - de acordo com a capacidade de percepção da pessoa. Já para o 'Realismo' as percepções que temos são reais. Ou seja o que é percebido é o que é em si mesmo.

Para a  corrente filosófica chamada "Ceticismo", não há possibilidade de conhecer a verdade, pois os sentidos e a razão nos induzem ao erro. Para esta corrente (Ceticismo absoluto -  século IV A.C.) não há possibilidade de se chegar à verdade.

Para o Ceticismo relativo, ."o homem é a medida de todas as coisas"(Protágoras - século V A.C.), ou seja a verdade é uma construção humana, ao longo de toda a história da humanidade.

Por outro lado, para  a Corrente filosófica "Dogmatismo" há a possibilidade de se chegar à verdade. E aqui temos o dogmatismo ingênuo que confia plenamente em seu próprio conhecimento e o dogmatismo crítico, que  admite chegar ao conhecimento a partir de um esforço crítico sobre os sentidos e a Inteligência.

Kant no século XVIII buscou superar este impasse entre ceticismo e dogmatismo, a partir do que ele denominava de um exame crítico da razão.

O mais importante é que façamos sempre este exame de consciência para que sejamos guiados pelo conhecimento e não arrastados por ele.













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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O fim do Mito da Caverna - Parte II


O professor Paulo Freire explicando sobre como se dá o processo do conhecimento diz que há um primeiro momento que é o da produção de um conhecimento novo, de algo novo. O outro momento é aquele em que o conhecimento produzido é conhecido ou percebido” (gnose).

Paulo Freire afirma que neste segundo momento o sujeito cognoscente desenvolve as qualidades requeridas (cognição) na produção do conhecimento: reflexão crítica; curiosidade; questionamento exigente; inquietação; incerteza. Paulo Freire diz que quando isolamos um momento do outro, - ou seja isolamos conhecimento e cognição - o ato do conhecimento se transforma em uma mera transferência de conhecimento.

Estas considerações filosóficas nos apresentam  - sem sermos reducionista - à realidade que temos de enfrentar:  nós, seres humanos, vemos de forma parcial, ou seja, vemos por sombras e só enxergamos um pouco mais, por acréscimo da visão de outras pessoas; a cultura nos restringe em termos de consciência; não adianta conscientizar a verdade - a verdade não existe; mas vale a pena sair da caverna, ou seja ampliar o conhecimento, o foco da visão, conviver, ouvir os outros, aprender de forma colaborativa. E finalmente – sem querer reduzir a uma métrica sem sentido - não conseguimos juntar conhecimento e cognição, isto não é ensinado nas escolas, porque todos estamos ainda aprendendo.

Há em função disto, crise e insegurança, mas finalmente há a possibilidade de encontrar-se a humildade, a simplicidade, o respeito pelo próximo. É a oportunidade de se unir de forma inconsútil, conhecimento e cognição e  repensar o dogmatismo, deixando-o -  de forma delicada - ao longo dos caminhos que formos trilhando, de forma conjunta.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O fim do Mito da Caverna - Parte I


O mito da caverna de Platão nos traz a metáfora sobre a verdade, ou seja o mito afirma que vemos por sombras e que se quisermos conhecer a verdade, teremos que sair da caverna e buscar a luz, ou seja usar a consciência, para enxergar em toda plenitude.

No entanto a própria consciência é parte de um esquema cultural que nos é ensinado desde o nascimento. A tal ponto que Pierre Lévy (Tecnologias da Inteligência, Editora 34, 1998, p. 135) chega a afirmar que:

"Do ponto de vista de uma ciência da mente, a consciência e tudo aquilo diretamente relacionado a ela representam apenas um aspecto menor do pensamento inteligente. A consciência é simplesmente uma das  interfaces importantes entre o organismo e seu meio ambiente, operando em uma escala (média) de observação possível, que não é, necessariamente, a mais importante para abordar os problemas de cognição".

A diferença entre conhecimento e cognição pode ser a chave para este momento. Conhecimento é o que você sabe e cognição é o sentido, a direção que dá ao que sabe. 

Visto por este ângulo, de nada adianta tentarmos desenvolver a consciência para encontrarmos a verdade. A verdade não existe e a consciência opera em uma escala média de observação. Teremos que aprender a relativizar, ou seja aceitar novos ângulos de visão, convivendo de uma forma mais amistosa com o próximo. Teremos de nos preocupar em adquirir conhecimento, mas - fundamentalmente - teremos de aprender a dar sentido ao que estamos aprendendo - direção ao que sabemos -  e isto exigirá que compartilhemos nossas certezas, pois sentido, direção e caminho são construidos de forma participativa.




domingo, 23 de dezembro de 2012

A complexidade do ser - uma releitura de Carl Gustav Jung

Jung com muita delicadeza afirmou que nascemos originais e morremos cópias. Olhando por este ângulo podemos dizer que somos  realmente tábulas rasas e que a sociabilidade vai colorindo a vida em nós. Perfeita esta afirmação de Jung, pois somos seres sociais e aprendemos uns com os outros, um aprendizado colaborativo que nos torna cópias recíprocas. Temos mais dos outros do que gostaríamos de ter, a ponto de William Reich dizer que "João quando fala de José fala mais de João do que de José".

Seguindo esta pista e ampliando o foco de visão, é bom trazer Edgar Morin, que diz que o contrário de uma verdade é outra verdade tão profunda quanto a primeira. Assim, por outro lado,  se observarmos o "ser" pelo ângulo do inatismo podemos afirmar que nascemos cópias e morremos originais.

Segundo o inatismo, há uma herança de talentos, capacidades, habilidades, que foram tecidas na sociabilidade das gerações e nos foram transmitidas na herança biológica e espiritual, fazendo-nos - desde o nascimento - cópias uns dos outros - numa transação que vai ao mil avô. É a nossa existência - num exercício de autoconhecimento - que nos dará  a oportunidade de nos tornarmos originais, se conseguirmos ir além da cultura e neste exercício, conseguirmos dar o  salto às estrelas.