A Filosofia não tem respostas prontas, mas indagações: O que é o super-homem? Defina super-homem. Não há respostas, mas reflexões sobre o conceito de Nietzsche, pois todo símbolo é parte do universo interior - imaginário carregado de significado - e segundo Nietzche "não há uma estrada para o mundo real” (Nietzsche em Aurora).
Para Nietzsche o super-homem é o indivíduo que criou seus próprios valores afirmativos da vida, que não é condicionado pelos hábitos e valores sociais de uma época. Realmente esta é uma definição que cientificamente abre uma grande janela para um novo conceito de inteligência social. Para aprofundarmos nossas reflexões teremos que nos apoiar em Bakhtin (Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895 - 1975) que foi um linguista russo, para quem “a palavra é o signo ideológico por excelência” e também "uma ponte entre mim e o outro". Mas o que seria esta ponte entre mim e o outro? Bakhtin afirmava que a inter-subjetividade antecede à subjetividade, querendo dizer com isto que para o sujeito se realizar ele precisa da comunidade. Isto significa que somos condicionados pelos hábitos e valores sociais de uma época. Que estágio de desenvolvimento social será este, no qual a sociedade cria o indivíduo autônomo e capaz de superar-se a si mesmo e de socializar para outros a sua experiência?
Continuando as reflexões podemos idizer como Gerald Durozoi e André Roussel, que Super-Homem é o tipo superior de homem que conseguiu superar todos os valores. É possível mesmo superar todos os valores e adquirir uma nova subjetividade? Rubens Rodrigues Torres Filho diz que Super-Homem é aquele que supera as ilusões e se volta para a Terra, dando valor à vida terrena, com um novo modo de sentir, pensar e avaliar, uma nova forma de existir como sujeito. Ou seja, o Super-Homem adquire uma nova subjetividade, na vivência conjunta do cotidiano..
Quanto a mim, não tenho respostas prontas sobre como será a heterogênese do novo humano como super-homem, mas gosto neste viés do que dizem Marx e Engels em “Ideologia Alemã:
A partir do momento em que os homens vivem na sociedade natural, (...) cada indivíduo tem uma esfera de atividade exclusiva que lhe é imposta e da qual não pode sair; é caçador, pescador, pastor ou crítico e não pode deixar de o ser se não quiser perder os seus meios de subsistência. Na sociedade comunista(sic), porém, (...) é a sociedade que regula a produção geral e me possibilita fazer hoje uma coisa, amanhã outra, caçar da manhã, pescar à tarde, pastorear à noite, fazer crítica depois da refeição, e tudo isto a meu bel-prazer, sem por isso me tornar exclusivamente caçador, pescador ou crítico”.
Neste contexto e nestes sentidos haverá uma estrada para o mundo real? Volto a Nietzsche que, se por um lado fala no super-homem, por outro lado adverte que nossas lentes são fornecidas pela cultura e nossos sentidos nos envolvem na mentira. Ele diz que somos aranhas em uma teia que só apanha o que se deixa apanhar, ou seja, os sentidos captam o que a cultura ensina a apanhar. Podemos vencer o desafio da autonomia?
Enfim...somos causa uns dos outros e talvez a resposta esteja no processo de causação mútua: ou mudamos todos juntos - embora cada um a seu tempo - num processo consciente, ou não teremos mudanças! É bom frisar aqui que as histórias precisam ser entretecidas de forma conjunta - em tempo intemporal.
O apogeu do super-homem seria algo utópico? Considerando a premissa de que não há mudanças significativas que sejam vivenciadas em conjunto. Onde de acordo com tal raciocínio o super-homem seria sempre admitido como algo anômalo dentro do contexto social vigente.
ResponderExcluirQuem sabe o super-homem não seja o salto inesperado, inovador vivido por alguns e depois copiado, vivenciado e humanizado por muitos, num ciclo que se repita ad eternum?
ExcluirQuem sabe se em cada ciclo, em cada novo paradigma não haja um super-homem tecendo sua teia e se lançando no salto? Salto que depois é mimetizado por muitos?
Então, talvez haja a utopia do apogeu do super-homem, quando todos chegarmos - pela convivência - ao UM.
Artigo magnífico!!!
ResponderExcluirObrigada Caroline, é sempre muito reconfortante ver que não estamos sozinhos, que existem outras pessoas que pensam como nós. Beijo,
ExcluirRegina
Interessante perceber que alguns conceitos: Eterno Retorno e Super Homem, são ideias presentes em varias doutrinas espiritualistas e simples de entender como a Reencarnação (eterno retorno ) e a figura de Jesus Cristo (Super Homem ) neste segundo exemplo a figura de um ser mais esclarecido, nos apontando um caminho melhor, seria a figura do ser superior (super homem ) estou adorando estudar a filosofia e fazer este comparativo com os ensinamentos espiritualistas
ResponderExcluirObrigada pela comparação, pois para mim não há uma fronteira rígida entre espiritualidade e ciência; entre espiritualidade e filosofia; entre espiritualidade e materialismo. Para mim, Tudo é fonte do UM.
ExcluirConcordo com voce, cada vez mais, vamos percebendo que existe uma unidade, um ponto de concordancia nos diversos ramos do conhecimento.
ResponderExcluirTalvez um dia iremos descobrir que a verdade é o inverso do que sempre imaginamos: não somos matéria com um espírito interior; mas só espírito, da mais sutil à mais densa forma.
Excluiresta idéia de super-homem também não seria uma IDEALIZAÇÃO, tão combatida por Nieztsche?
ResponderExcluirAcredito que a idealização conforme pensada pelo filósofo refira-se à cultura, tal qual o fato social de Durkheim. O Super homem é uma busca de libertação desta cultura, que por hora, traz um processo dominante mental. Mas o próprio filósofo argumenta que é difícil libertar-se desta teia, e que se pega o que esta teia permite pegar.
ExcluirÉ uma complexidade, um convite a ir além dos cascalhos que o mar joga na praia, enquanto a imensidão do oceano permanece insondável.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCosiderando a revolução industrial, o homém tornu-se um escravo, e mais um autômato dado o papel que lhes é imposto: Eu mando e você obedece, está definido o papel do escravo que se chama homém, já o super homém ao contrário e exaltado
ResponderExcluirCosiderando a revolução industrial, o homém tornu-se um escravo, e mais um autômato dado o papel que lhes é imposto: Eu mando e você obedece, está definido o papel do escravo que se chama homém, já o super homém ao contrário e exaltado
ResponderExcluirVocê está certo Paulo Roberto. Mas acredito que o ser humano pode evoluir e tornar-se o ser mais à altura de sua humanidade. Obrigada pelo comentário.
ResponderExcluirProvavelmente,já que foi capaz de produzir e viver seu cotidiano contraditório, não deixa de ser um grande feito paradoxal.
ExcluirOlha , na minha opinião, a mudança é de cada um, seu não mudar ,nada muda, portanto o individuo inicia sua jornada se realizando , outros o seguirão no exemplo, mas nem o seguirão, ai está o tal livre arbítrio que pode se chamar, condicionamento nesse caso; eu amo a liberdade e por ela eu pago o meu preço, ainda longe da verdade, todavia junto ao bom senso.
ResponderExcluirPenso que a melhor definição de super homem seja DEUS. De acordo com a Bíblia, o homem foi feito à imagem de Deus. Livre das influências do sistema em que vive, o homem pode se sentir super, se sentir verdadeiramente livre - tal qual seu Criador, um espírito livre. O caminho, portanto, para o super homem é o caminho que leva a Deus.
ResponderExcluirObrigada pelo comentário.
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