segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Ciclo da Aprendizagem - O grupo como matriz do indivíduo


O grupo é a matriz do indivíduo, porque é a partir da socialização que o sujeito desenvolve a sua forma de pensar, num amplo espectro de percepções, que permite ao ser humano ampliar seu ponto de vista sobre as questões. É justamente por este motivo que a atenção do líder tem que se voltar para o grupo, para perceber o que está sendo aprendido na troca de conhecimentos, no diálogo, na conversa.

Se quisermos solucionar problemas temos que voltar a nossa atenção para o grupo e captar como as pessoas se comportam quando interagem. desta forma vamos perceber habilidades, limitações e problemas que não perceberíamos se observássemos a pessoa  individualmente.

Um bom líder volta-se para o grupo e percebe o que não está sendo dito, capta os silêncios e estimula o diálogo - o processo de socialização de experiências pode criar uma lente especial, para dar sentido ao trabalho que está sendo realizado.

O espírito comum no grupo é obra de um líder capaz de ouvir, de dar voz a todos e de fazer com que todos se expressem, com confiança, sem receio de retaliações.

O Professor Paulo Freire fala, com muita propriedade, em ciclo gnosiológico, retratando no ciclo do conhecimento um fenômeno, a partir do qual o indivíduo enxerga o que antes não via. Podem ocorrer dois cenários: o indivíduo enxergou e sabe que é melhor ficar quieto, para não se indispor e se prejudicar ou o indivíduo enxerga e aprende com o grupo e desenvolve melhor o seu trabalho. Um líder tem obrigação de perceber qual dos dois cenários manifesta-se a partir de sua orientação pessoal. Nada acontece por acaso - o líder tem que se comprometer com o que acontece a sua volta, tem que se comprometer e dar sentido ao trabalho de cada um que trabalha sob sua direção.

Michel Serres em seu livro “Filosofia Mestiça” descreve o processo de aprendizado como a travessia de um grande rio no qual a transformação vai ocorrendo nas descobertas e nos enfrentamentos da busca pela outra margem. Quando nasce o espírito comum, o  grupo se fortalece e cada um recebe esta força. A questão aqui reside em saber: este espírito comum - ira, descaso, silêncio, medo, violência - surgiu como resposta à exclusão, às injustiças? Ou se ele surgiu como resposta a um esforço ético coletivo - diálogo, solidariedade, compreensão, bem comum - para viver o sentido de uma vida plena, de um trabalho repleto de significado?

O que impera no grupo:  autoritarismo ou democracia? As pessoas falam ou têm medo? As pessoas se expressam e contribuem com confiança? Liderança e democracia estão inextricavelmente conectados, provavelmente porque tanto um quanto o outro necessita do diálogo para crescer. 

Um líder autoritário enfraquece o Eu individual e o Espirito comum tem sua força moral fragilizada - neste caso o coletivo é pobre e volta-se para interesses pessoais -  o crescimento moral não acontece e como retratou o filósofo Tucídides ao escrever sobre a Guerra do Peloponeso - o bem comum fracassa imperceptivelmente.

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