O que é uma vida racional?
Segundo Edgar Morin não existem critérios racionais que ajudem a definir quando uma uma vida é racional. Ele pergunta: Nunca ultrapassar a dosagem prescrita é racional? Morin traça a diferença entre racionalidade e racionalização. Segundo o autor, racionalização se autoconfirma em seus textos sagrados, é fechada, dogmática, não aceita mudanças, nem críticas. Já a racionalidade é aberta, e aceita que suas próprias teorias sejam biodegráveis, que possam eventualmente ser superadas por argumentos ou aperfeiçoamentos que as contradigam (Edgar Morin - Amor, Poesia, sabedoria, Editora Bertrand Russel, página 54).
Vamos ser racionais, a partir da racionalidade (uma das propriedades da mente pensante) e não a partir da racionalização, que se dá a partir do que é aprendido na cultura, com tudo o que nos foi "ensinado'. Temos que ser racionais, inventar a razão, indo além do processo cultural, para que possamos avaliar corretamente alternativas e chegarmos a soluções e decisões inéditas.
Castoriadis disse: o homem é esse animal louco que inventou a razão.
Posso-lhe fazer uma proposta?
ResponderExcluirReparei que, obviamente, gosta de debater temas filosóficos. Pois eu sou uma estudante portuguesa que adora Filosofia, é uma das melhores disciplinas que tenho, e é uma das minhas grandes paixões.
Tenho, aliás, de fazer uma apresentação em Filosofia, mas não consigo encontrar nada sobre o tema que escolhi. Este assunto, quando abordado na perspectiva filosófica, apresenta a seguinte problemática: quão ético é que uma vítima de uma doença, que foi afectada (não totalmente, mas suficientemente) a nível mental e motor, esteja dependente da sua família (ou daqueles que a conhecem melhor, que estão mais informados e que não têm nenhum tipo de problema cognitivo) para tomar decisões quanto, por exemplo, à prática de terapia?
A vítima devia poder fazer as suas escolhas sozinha, e optar entre recorrer ou não a tratamentos? Ou deveria tomá-las em conjunto com a família (desde que esta seja forte e coordenada)? Ou, ainda, deveria ser a família a tomar todas e quaisquer decisões relativas à doença da vítima e seus possíveis tratamentos?
Por favor, adorava mesmo ter uma nova opinião, e, pelo que li aqui no seu blog, e dada a sua impecável e espantosa formação, é a melhor pessoa para ma dar!
Obrigada pelo tempo dispendido, espero ansiosamente por encontrar aqui brevemente uma pequenina reflexão sobre este tema (:
Um beijinho, Marta *
(qualquer dúvida, poste como comentário aqui no seu blog, porque cancelei recentemente o meu)
Mais uma vez, muitíssimo OBRIGADA! :D
Querida Marta,
ExcluirDesculpe-me a demora em responder. Mas creia-me há horas em que a familia precisa ocupar nas vidas o lugar de destaque que lhe foi confiada, pois é a salvaguarda das decisões tomadas em conjunto. Este deveria ser sempre o caminho da família, inspirar autonomia e solidariedade, pois cada um é recurso do outro, ou seja flechas de uma mesma aljava.
Entre eem contao, pois terei o maior prazer em conversarmos.